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4 June 2012

Software Social: Desafios, Riscos, Problemas E Como Os Confrontar (Parte IV)

Software Social é um conceito que agrupa todos aqueles meios de interacção baseados na Web (blogues, wikis, mensagens instantâneas) que permitem a colaboração realçando a importância do ser humano em vez das ferramentas utilizadas para comunicar.

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Crédito da imagem: Pathathai Chungyam

No primeiro excerto de uma extensa pesquisa levada a cabo pelo Australian Flexible Learning Framework, foi introduzido o tópico do software social e analisado o seu impacto na vida dos indivíduos e organizações. No segundo excerto preparei e publiquei a pesquisa dedicada à crescente importância do software social nas técnicas de ensino e aprendizagem na era da Geração Net. Finalmente, no terceiro artigo extraído desta impressionante pesquisa, possíveis utilizações do software social foram analisadas e expostas.

Hoje apresento-lhe a quarta e última parte deste precioso relatório, centrado na análise dos possíveis desafios e problemas que podem surgir através do uso do software social.

Continue a ler:

 





Existem grandes indícios nesta pesquisa que sugerem que a utilização de software social pode ser uma estratégia eficaz para a partilha de conhecimento e desenvolvimento de capacidades, assim como, uma forma de melhorar e reactivar a experiência de ensino e aprendizagem na formação profissional.

Um resumo dos temas de suporte, condições prévias, contextos na formação profissional e as teorias que surgem da utilização do software social, nesta pesquisa, estão representados na Figura 4.

Foram também identificados e incluídos neste artigo, tensões e desafios relacionados com a implementação de uma inovação.



Figura 4: Mapa da Aprendizagem com Software Social na formação profissional





Porquê utilizar o software social



Os temas que surgiram para apoiar a utilização do software social incluem:
  • Poder

    Quem utiliza o software social para partilha de conhecimento e desenvolvimento de capacidades dentro e fora da formação profissional e dentro e fora da Austrália, valorizam a liberdade de publicar sem as limitações dos processos autocráticos; valorizam a liberdade de escolha - a possibilidade de escolher várias tecnologias de software social para responderem às necessidades dos seus clientes; a possibilidade de poderem escolher onde e como aprendem e a possibilidade de estabelecer redes informais para partilha de conhecimento.

    Da mesma forma, os alunos valorizam a liberdade de publicar. Valorizam particularmente a oportunidade de negociar e/ou colaborar com os professores sobre a forma como as diferentes tecnologias podem ser utilizadas para melhorar a sua aprendizagem.




  • Competências de aprendizagem ao longo da vida

    Quem utiliza o software social está radiante com esta capacidade de inspirar as pessoas a serem alunos mais independentes e disseminadores de conhecimento. Apenas pelo seu uso, estão a aprender a aprender e a aprender a partilhar, tirando proveito desse conhecimento. Atwell (2006) estuda este assunto mais aprofundadamente no seu artigo “Social Software, Personal Learning Environments and Lifelong Competency Development




  • Criação de comunidades

    Ao fazer parte de uma rede distribuída, gestores, professores e alunos tornam-se parte de uma comunidade ou pertencem a várias comunidades. Por exemplo, o bloguing costuma mostrar o lado mais pessoal do escritor, não apenas a sua imagem - se estiver disponível, mas pela forma como escreve. Pedem-se comentários, dão-se ligações para outros bloguers e fazem-se mais contactos, tornando-se assim parte de uma comunidade.




  • Melhoria do fluxo de trabalho e produtividade

    Dois factores que contribuem para a melhoria do fluxo de trabalho e produtividade são: o imediato da publicação - já não se trabalha sob o processo autocrático de ter o trabalho enviado e publicado por profissionais das TI; e a possibilidade de "ver muita informação em tempo real" através da utilização de RSS e agregadores (veja a história de Trevor Cook).

    Em vez de ter que pesquisar pela informação, o RSS pesquisa-a por si através de agregadores como por exemplo o Bloglines, apresentando-a num repositório central. O uso de bookmarking social através de sítios Web tais como o del.icio.us é outra forma de aceder rapidamente à informação através da ligação a sítios Web categorizados por tópicos de interesse (chamados de folksonomias).

Outros factores que influenciavam o melhoramento do fluxo de trabalho e produtividade foram: menor gasto de tempo e dinheiro em viagens, por exemplo com reuniões através de conferência virtual ou software como o Skype; e menores custos de impressão e distribuição com a possibilidade de aceder e fazer o download de qualquer lado.

  • Livre de recursos

    O recurso fundamental necessário é o tempo para aprender (desenvolvimento social), com a maior parte do software social a ser grátis ou de baixo custo.





As condições necessárias para a utilização correcta do software social

Os elementos críticos identificados como condições prévias necessárias para a utilização com sucesso do software social foram: existir uma necessidade autêntica (real e não criada); ser relevante para o contexto e apropriado para o cliente, ser suportado por uma cultura organizacional permissiva num espírito de abertura e vontade de partilhar e colaborar. Os principais alavancas, incluem:

  • suporte das empresas e das TI


  • modelado por gestores experientes e que já utilizem software social, como por exemplo, a existência de um blogue da direcção para partilhar notícias institucionais


  • desenvolvimento profissional, especificamente mentoria just-in-time, aprendizagem prática, aprendizagem no contexto do trabalho (LearnScope, por exemplo), formação e workshops


  • imersão - utilizar o software social no local de trabalho




Uso do software social na formação profissional: contextos e clientes

Embora a discussão sobre onde e como o software social pode ser melhor utilizado, esteja ainda a começar, parecem existir poucos limites para os contextos de abordagem da formação na partilha de conhecimento, desenvolvimento de capacidades e espaço de trabalho. Alguns exemplos incluem:

  • blogues para publicação de notícias e directivas institucionais, partilha de notas de conferência e ideias. Na aplicação da formação para desenvolvimento das capacidades de expressão escrita, jornalismo e reflexão estudantil, publicação de estudos e requisitos de avaliação, partilha de fotos de estudantes em trabalho de campo, etc.
  • wikis no local de trabalho para tarefas diárias tais como a gestão de projectos, planeamento estratégico, definição de directivas, escrita de relatórios e definição de agendas. Na aplicação da formação profissional para projectos de colaboração, simulações, anotações de alunos e professores, etc.

  • bookmarking social para partilha de tópicos de interesse entre equipas, com a empresa e com outros profissionais, além de facilitar a pesquisa de professores e alunos de disciplinas específicas

  • a conferência virtual pode ser utilizada para reuniões, apresentações ou demonstrações.

  • Da mesma forma, o software social não está limitado à aplicação da formação profissional a um determinado grupo, nível, disciplina de ensino ou actividade de aprendizagem. A selecção da ferramenta de software social apropriada ao contexto e cliente é fundamental, para além de assegurar que a sua utilização é autêntica e relevante.





    As tensões


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    Adopção vs Status Quo - o uso do software social para a partilha de conhecimento, desenvolvimento de capacidades e no ensino e aprendizagem é recente. Assim, algumas das tensões que se aplicam à inovação e mudança são visíveis nas organizações que estão a começar a testar estas novas ferramentas, sendo consistentes com a teoria da Difusão da Inovação de Rogers (1995) e com o Ponto de Viragem de Gladwell.

    Uma tensão crítica nos estados iniciais da adopção de uma nova tecnologia na educação é se esta é, de facto, relevante ao contexto de aprendizagem. Os inovadores e os adoptantes iniciais estão a 'trilhar o caminho', mas antes que a maioria inicial responda ao desafio, tem que ser convencida que a utilização dessa tecnologia obtém os resultados desejados de forma tão eficaz e eficiente como outras estratégias.



    Permissão v Adaptação

    Uma das maiores tensões foi o bloqueio de acesso, pelas firewalls da ICT, a sítios Web públicos de software social que eram utilizados por alunos e professores na formação profissional. Stuckey e Arkell (2006) defendem que existem dois ambiente críticos para a gestão de conhecimento - uma cultura de adaptação e uma cultura permissiva.

    Este estudo concluiu que uma cultura de adaptação é necessária como suporte para a utilização com êxito do software social, mas reconhece que as políticas das TI são válidas. Isto suporta a tese de Stuckey e Arkell ao referir que esta tensão é contínua e que ambos podem coexistir - que uma abordagem doseada conseguirá uma sólida partilha de conhecimento. Siemens refere que um papel central dos gestores é o de remover as barreiras de forma a criar uma comunidade mais permissiva.

    Existiram evidências que o posicionamento na linha da iniciativa pessoal no modelo de quatro quadrantes de Stuckey e Arkell, parece mover-se livremente de uma permissiva para uma de adaptação. E, talvez, se fique algures pelo meio, à medida que os indivíduos utilizam o software social em contexto profissional ou com clientes.

    Isto pode ter uma curta duração pois à medida que colegas e alunos se tornam utilizadores mais confiantes dessas ferramentas, sentem-se mais capazes de as utilizar conforme acharem melhor. Por exemplo, professores que aceitaram o software social para uso próprio e no contexto de ensino e aprendizagem, geralmente definem como devem ser as ferramentas utilizadas inicialmente. A experiência de Petterd suporta isso:

    "O que me propus a fazer mudou. Ao início criei um blogue para os meus estudantes e pedi-lhes para comentar as minhas entradas. [Permissão] Eles não comentaram, mas o que fizeram foi comentar no Deviant Art, outra ferramenta para que os contribuidores partilhem trabalhos artísticos e imagens digitais. Quando percebi onde estavam, juntei-me a eles e liguei-me com eles a outro nível. [Permissividade].

    E frequentemente é tudo acerca de percepções. Por exemplo, a NSW LearnScope modelou o uso de software social para gestão de projectos e partilha de conhecimento em 2006. Às equipas foi pedido relatórios de histórico/progresso que pudessem ser publicados no seu blogue e foram encorajados a contribuir para uma wiki para o desenvolvimento colaborativo de programas de exemplo, etc. Relatórios anedóticos sugerem que algumas equipas se sentiram controladas e se ressentiram desta nova exigência enquanto que outros se sentiram motivados ao se relacionarem com novas tecnologias.





    Colaboração vs Individualismo

    Servindo de base para a utilização de software social está uma filosofia de ligação, colaboração e comunidade. Alguns professores e profissionais da formação que utilizam o software social apontam uma reticência por parte dos alunos e colegas em participar e colaborar on-line. Para alguns é um caso de 'confiança' nas pessoas com quem vão trabalhar antes de revelarem a sua verdadeira pessoa.

    "Demorámos a sentir-nos à vontade com o processo, mas a razão de o fazermos é devida aos laços e confiança que já partilhávamos (o nosso contexto social)."

    Bartlett-Bragg cita a confiança como um dos inibidores que “restringe as capacidades dos alunos participarem em ambientes de software social de colaboração”.

    Callahan dá outras razões pelas quais as pessoas não colaboram on-line:

    • quando confrontados com a escolha de aprender uma nova tecnologia e conversar com os colegas ao telefone ou e-mail para fazer um trabalho, se puder ser feito com aquilo que já conhecem, eles assim o escolhem

    • a maioria das pessoas em empresas são baby boomers (não tenho a certeza se isto é verdade) e não cresceram num ambiente com ferramentas de colaboração.

    Callahan também realça o bloguing de Pollard sobre este tema, onde propõe que a falta de usabilidade do software e a falta de capacidades interpessoais normalmente contribuem para a falta de colaboração.



    LMS/CMS v Software Social

    Há uma grande diferença de opiniões entre alguns profissionais de formação, na sua globalidade, sobre se os Sistemas de Gestão de Aprendizagem (LMS - Learning Management Systems) e/ou Sistemas de Gestão de Conteúdos (CMS - Content Management Systems) devem ou não continuar a ser utilizados em ambientes educativos e se deve o software social ser incluído nestes sistemas.

    A discussão não deixa de ser um pouco filosófica, pois o software social é acerca da liberdade de escolha, é construtivo e centrado no aluno, enquanto que os LMSs e CMSs são voltados para os conteúdos, para o controlo e direccionado para os professores.

    Alguns defendem que os LMSs são necessários para se manter um registo do progresso dos estudantes, enquanto outros consideram a privacidade de ensino num LMS constitui uma rede de segurança para os estudantes e o seu trabalho. Pareceu haver algum apoio dos profissionais da formação profissional para apresentar aos estudantes o software social para aprendizagem num LMS como um primeiro passo para uma responsabilização pela sua aprendizagem.

    Dalsgaard defende que os sistemas de gestão são para assuntos administrativos e ”ferramentas pessoais para construção, apresentação, reflexão colaboração, etc”.





    Os desafios


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    Os desafios que têm que ser ultrapassados para a adopção do software social com sucesso incluem:

    • segurança do armazenamento público - preocupações que os recursos 'desapareçam' à medida que sítios Web públicos desapareçam. Devido à rápida redundância de conhecimento isto poderá nem ser relevante
    • a privacidade do conhecimento operacional das empresas e do trabalho dos estudantes - ligado à segurança (referida anteriormente) e talvez influenciando os profissionais de formação a utilizarem software social com LMSs

    • potenciais queixas de conflitos de interesses entre empresas e/ou indivíduos. Isto faz com que alguns utilizem servidores fora das empresas. Outros crêem que é tudo um caso de educar os alunos sobre as suas responsabilidades.

    • integridade da informação disponível - saber 'em quem confiar' como fontes válidas e seguras.

    "Na realidade, uma questão fundamental na sociedade da informação é que, à medida que as actividades se tornam mais mediadas pelas TI, os “analistas da verdade” convencionais começam a perder a habilidade de tomar decisões. Num mundo digital, sistemas sociais alternativos de confiança são estabelecidos para compensar a ausência de autoridade, familiaridade e presença física. Um exemplo é o sistema de reputação oferecido pelo eBay, onde cada comprador e vendedor tem uma pontuação que fomenta a confiança entre pessoas que não se conhecem. (Purie et al. 2006 p 36)"

    • adaptação - pede-se aos gestores, professores e estudantes para tomarem novos papéis em novas comunidades de aprendizagem. Agora há criadores e editores, guias para novos conhecimentos moderadores e professores e também alunos. Também lhes é pedido que tenham uma nova literacia digital e que façam escolhas sobre as diferentes tecnologias disponíveis.
    • tempo - ter tempo para aprender e tempo para implementar.

    • usabilidade - embora a Geração Net possa ser educada digitalmente, muitos gestores e professores actuais, e alguns alunos mais crescidos, precisam de actualização. Alguns professores também defendem que é uma generalização dizer que todos os alunos são tecnologicamente capazes e descobrem que muitos deles pouco sabem sobre computadores.

    "Então se considerarmos a situação com os nossos estudantes - existe este preconceito que a geração mais jovem é mais capaz com as tecnologias do que nós. Isto é definitivamente um mito. Eles são bons a utilizar a tecnologia como a querem utilizar - como em jogos, mensagens, sms. Mas isso não significa que são bons em utilizá-la para o e-learning, na realidade, são muitas vezes utilizadores relutantes da tecnologia - alguns até a odeiam."

    Muitos inquiridos podem ser considerados como educados digitais e talvez isto tenha contribuído para a rápida adopção das tecnologias. Da mesma forma, a razão identificada por alguns por não continuarem com software social foi a sua falta de competências em TI, a reticência em aprender outra tecnologia nova, e falta de tempo para aprender.

    RSS e os agregadores são considerados a chave ou a 'cola' para a utilização eficaz e eficiente de software social. Eles direccionam o tráfego e trazem o conhecimento até si. No entanto a pesquisa revelou que esta área é a mais difícil de compreender. Alguns inquiridos que utilizam o software social para a partilha de conhecimento indicaram que ainda não o utilizam bem. Social bookmarking é também incompreendido. Esforços podem ser necessários para aumentar a compreensão sobre estas ferramentas.

    • largura de banda - em algumas comunidades rurais da Austrália, os profissionais e estudantes na formação profissional ainda usam o acesso telefónico. Mesmo em algumas cidades a largura de banda é um problema com algumas ferramentas de software social.





    Este artigo é um excerto do relatório originalmente chamado "Networks, Connections and Community: Learning with Social Software”, escrito por Val Evans, em colaboração com Larraine J Larri. Foi reproduzido com a permissão do Australian Flexible Learning Framework.

    Leia a Parte I: Software Social: O Que É E Como Afecta Indivíduos E Organizações

    Leia a Parte II: Software Social E O Seu Contributo Para O Ensino E Aprendizagem

    Leia a Parte II: Software Social E O Seu Contributo Para O Ensino E Aprendizagem



    Sobre os autores

    Val Evans é o presidente da Val Evans Consulting e investigador no campo do software social. O relatório foi escrito em colaboração com Larraine J Larri da Renshaw-Hitchen and Associates Pty Ltd.




    Sobre o Australian Flexible Learning Framework

    A estratégia de e-learning da formação nacional, o Australian Flexible Learning Framework (Framework), financia Redes para permitir aos professores e formadores de toda a Austrália partilhar conhecimento e sobre assuntos de e-learning prementes. O Networks Community Forum é um lugar onde profissionais de educação e formação podem-se reunir para aumentar o seu desenvolvimento profissional em relação à inttegração de tecnologia ne educação e formação. Registe-se aqui. ‘E-Trends’ é o tema do evento on-line de Junho, a ter lugar nos dias 19 e 20 de Junho. Este programa inclui cerca de 14 sessões assíncronas de aulas ao vivo e várias discussões assíncronas.



    Créditos das Imagens

    Mãos: Marc Dietrich
    Pugilistas: Nicholas Sutcliffe

    Val Evans -
    Reference: Australian Flexible Learning Framework [ leia mais ]
     
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