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4 June 2012

Free Open Standards: A Importância Dos Standards Abertos Na Evolução Da Web - Relatório De Tim Berners-Lee


A ciência Web: A Ciência E Engenharia Do Bem Comum - A Importância Dos Free Open Standards Para Uma Evolução Saudável da Web: O relatório de Tim Berners-Lee à Casa dos Representantes dos Estados Unidos

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Crédito da imagem: Floor

"A Web do futuro irá assemelhar-se a uma grande base de dados ou folha de cálculo, em vez de um conjunto de documentos ligados. Será acessível a partir de uma crescente diversidade de redes (wireless, cabo, satélite, etc.) e será disponível numa crescente diversidade de dispositivos. ...as aplicações Web serão cada vez mais presentes no nosso ambiente humano com paredes, tabliers de automóveis e portas de frigoríficos a servir de janelas para a Web."

Tim Berners-Lee, o pai da Web, que comanda a W3C desde 1994, a organização que supervisiona o desenvolvimento da World Wide Web, apresentou, no seu discurso há poucos tempo no Congresso Americano, a sua visão pessoal da Web do futuro.

"Os cuidados especiais que dedicamos à World Wide Web vêm de uma longa tradição que as democracias têm de proteger os seus canais de comunicação vitais.

Nutrimos e protegemos as nossas redes de informação porque eles estão no centro das nossas economias, democracias, e vidas pessoais e culturais. É claro que o ímpeto de assegurar o livre fluxo de comunicações apenas surgiu devido à natureza global da Internet e da Web"


Ele aponta o quanto é crítico que a Internet seja vista e mantida como uma plataforma de desenvolvimento aberta, de onde a World Wide Web é apenas uma expressão.

"...a Web é apenas uma das muitas aplicações que correm sobre a Internet.. Como outras aplicações da Internet, como o e-mail, mensagens instantâneas e voice over IP, a Web seria impossível de criar se a Internet não fosse ela própria operada como uma plataforma aberta."

Tim Berners-Lee também fala sobre blogues e a sua relevância que tiveram no desenvolvimento recente da Web, pois eles, nas palavras do próprio, criaram uma plataforma para expressão e partilha de todas as formas.

De acordo com Berners-Lee, o que realmente conta no saudável desenvolvimento da Web é uma maior compreensão do valor das infra-estruturas de utilização geral podem ter no desenvolvimento da sociedade também.

"Infra-estruturas abertas tornam-se infra-estruturas de utilização geral sobre as quais sistemas sociais de larga escala são construídos. A Web leva o conceito de abertura um pouco mais longe e permite um conjunto continuamente evolutivo de novos serviços que combinam a informação a uma escala global anteriormente impossível."

A não ser que defendamos estas fantásticas, excelentes infra-estruturas de utilização geral dos ataques empresariais e comerciais, poderemos nunca ver a libertação do potencial explosivo que a Web poderá dar à nossa sociedade.

Mas como o fazemos?

Tim Berners-Lee sugere que a nossa capacidade de proteger os Free Open Standards (Standards abertos) poderá ser a chave para vencer esta batalha:

"...a inovação acontecerá se for uma plataforma de standards técnicos livres, uma arquitectura, flexível, escalável e o acesso a estes standards for livre de termos livres de royalties (licenças de patentes de 0€). No Consócio World Wide Web, apenas padronizamos tecnologias se puderem ser implementadas numa base livre de royalties."

 

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Crédito da imagem: Scriblio

Discurso original dado por Tim Berners-Lee perante o Comité da Casa dos Representantes dos Estados Unidos sobre Energia e Comércio - Subcomité em Telecomunicações e Internet

Audiência sobre

"O Futuro Digital dos Estados Unidos: Parte I - O Futuro da World Wide Web"


Presidente Markey, Líder da Oposição Upton, e membros do Comité. É uma honra estar perante vós hoje para discutir o futuro da World Wide Web. Gostaria de partilhar alguma da minha experiência de ter criado as fundações originais da Web, o que aprendi ao vê-la crescer e alguns dos desenvolvimentos mais interessantes e desafiantes que vejo o futuro da Web.

Embora privilegiado por liderar o esforço que originou a Web na década de 90, já passou o ponto em que deixou de ser algo concebido por uma única pessoa ou até uma única organização. Tornou-se num recurso público do qual muitos indivíduos, comunidades, empresas e governos dependem. E, desde a sua origem, é um meio que foi criado e mantido pelo esforço cooperativo de pessoas de todo o mundo.

Para me apresentar, devo referir que estudei Física em Oxford, mas ao formar-me descobri o novo mundo dos microprocessadores e juntei-me à indústria da electrónica e ciências da computação durante vários anos. Em 1980, trabalhei num contrato na CERN, o Laboratório Europeu de Física de Partículas, e criei para benefício próprio um programa para controlar as várias partes do projecto utilizando blocos de notas ligados.

Em 1984 regressei ao CERN durante 10 anos, durante os quais tive a necessidade de um sistema de informação universal, e desenvolvi a World Wide Web como um projecto secundário em 1990. Em 1994, a necessidade de coordenação da Web tornou-se obrigatória e vim para o MIT, que se agora se tornou no primeiro de três institutos anfitriães do World Wide Consortium (W3C).

Desde então dirijo o W3C. Mantenho o cargo de Fundador da 3Com no MIT, onde continuo a pesquisa em tecnologias Web avançadas com o Grupo de Informação Descentralizada do MIT. O testemunho que hoje ofereço é apenas a minha opinião e não reflecte necessariamente os pontos de vista do Consórcio World Wide Web ou de qualquer um dos seus membros.

Os cuidados especiais que dedicamos à World Wide Web vêm de uma longa tradição que as democracias têm de proteger os seus canais de comunicação vitais. Nutrimos e protegemos as nossas redes de informação porque eles estão no centro das nossas economias, democracias, e vidas pessoais e culturais. É claro que o ímpeto de assegurar o livre fluxo de comunicações apenas surgiu devido à natureza global da Internet e da Web.

Como disse um Juiz federal em defesa da liberdade de expressão na Internet:

"A Internet é um meio de potenciação de discurso muito mais poderoso que a imprensa, centros de aldeias ou correios. A Internet pode ser considerada como uma conversação infinita global."

Fonte: American Civil Liberties Union v. Reno, 929 F. Supp. 824, 844 (E.D. Pa. 1996) (Dalzell, J.)


É por isso importante que cada um de nós saiba o seu papel ao fomentar um crescimento continuado, inovação e vitalidade da World Wide Web. Estou satisfeito que os Estados Unidos e muitas outras democracias do mundo tenham aceite este desafio. Espero ajudá-los hoje a explorar o papel deste comité e deste Congresso no desenvolvimento nos grandes avanços que esperam a Web.




Fundações da World Wide Web


O sucesso da World Wide Web, o próprio baseado na Internet, dependeu destes factores críticos:

  1. Ligações limitadas de uma parte da Web para outra;


  2. Standards técnicos abertos como a base do crescimento continuado de aplicações inovadoras;


  3. Separação por camadas das redes, possibilitando a inovação independente para as aplicações de transporte, encaminhamento e informação.

Hoje estas características da Web são facilmente vistas como óbvias, auto-geridas ou apenas pouco importantes. Todos os que usam a Web para publicar ou aceder a informação, tomam como um dado adquirido que uma qualquer página Web estará acessível para quem tiver um ligação à Internet, seja por modem ou ligação de banda larga.

A última década viu vários inícios de comércio electrónico, alguns dos quais formaram as bases da nova economia, que viemos a esperar que o próximo website de sucesso ou a nova página da equipa de futebol do seu filho aparecerá na Web sem dificuldade.

Hoje irei falar principalmente da World Wide Web. Hesito em apontar que a Web é apenas uma das muitas aplicações que correm sobre a Internet. Como outras aplicações da Internet, como o e-mail, mensagens instantâneas e voice over IP, a Web seria impossível de criar se a Internet não fosse ela própria operada como uma plataforma aberta.



Ligação Universal: Todos podem ligar-se a todos, qualquer página pode ligar-se a qualquer página.

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Como é que a Web cresceu do nada até à escala que hoje tem? De uma perspectiva técnica, a Web é uma colecção de páginas Web (escritas em formato HTML padrão), ligado a outras páginas (com os documentos ligados com nome sob o padrão URI) e acedido pela Internet (utilizando o protocolo de rede HTTP). De forma simples, a Web cresceu porque é fácil escrever uma página Web e é fácil ligar a outras páginas.

A história do crescimento da World Wide Web pode ser medido pelo número de páginas Web que são publicadas e o número de ligações entre páginas. Começando com uma página e um website há 15 anos, agora há mais de um milhão de websites com um número estimado de 8 biliões de páginas disponíveis em 2005. O que facilita a criação de ligações de uma página para outra é que não há limite ao número de páginas ou de ligações possíveis na Web.

Adicionar uma página Web não requer coordenação de uma autoridade central e tem um custo adicional extremamente baixo, geralmente zero. Ainda mais, o protocolo que nos permite seguir estas ligações (HTTP) é um protocolo não discriminatório. Permite-nos seguir qualquer ligação, seja qual for o conteúdo ou o seu dono. Por isso, sendo tão fácil escrever uma página Web, ligá-la a outra página e seguir estas ligações, as pessoas o fizeram muitas vezes.

Adicionar uma página fornece conteúdo, mas adicionar uma ligação fornece a organização, estrutura e o suporte à informação na Web que torna o conteúdo como um todo em algo de grande valor.

Um exemplo presente das fracas barreiras à leitura, escrita e ligações na Web é o mundo dos blogues. O blogues eram praticamente inexistentes há cinco anos, mas tornaram-se um meio de expressão extremamente popular para tudo desde notícias locais, a arte e ciência. As fracas barreiras à publicação de páginas e abundância de hipóteses de ligação fundiram-se, mais recentemente com blogues, para criar uma plataforma aberta para a expressão e partilha de todos os tipos.

A promessa de poder atingir quem quer que seja sobre um sistema de comunicação que transporta praticamente tudo (qualquer tipo de informação) é mais ou menos como outras estruturas das quais dependemos: os sistemas de correio, de estradas e telefónico. Mantém-se em contraste a sistemas mais fechados tais como as redes de televisão por cabo ou ar. Esses sistemas fechados também desempenham funções valiosas, mas o seu impacto na sociedade é diferente e menos abrangente.

A universalidade e flexibilidade da arquitectura das ligações Web tem uma capacidade única de ultrapassar os seus limites em distância, língua e domínios de conhecimento. Estas barreiras tradicionais caem porque o custo e complexidade de uma ligação não é afectado pela maioria dos limites que dividem outros media. É fácil fazer uma ligação sobre a lei do comércio nos Estados Unidos à lei comercial da China, pois é o mesmo que fazer a mesma ligação do Código Comercial do Massachusetts ao do Michigan.

Estas ligações funcionam mesmo que tenham que atravessar as fronteiras da distância, operadores de rede, sistemas operativos e um conjunto de outros detalhes técnicos que antes serviam para dividir a informação. A capacidade da Web em permitir às pessoas criarem ligações é a razão pela qual nos referimos a ela como um espaço de informação abstracto, em vez de uma simples rede.

Outros sistemas abertos, como os correios, estradas ou telefones desempenham um papel na sociedade que ultrapassa as suas simples características técnicas. Nestes sistemas, as chamadas telefónicas das redes por cabo vão de forma transparente para os fornecedores wireless. Correio de um país atravessa as fronteiras com problemas mínimos e os carros que compramos trabalham em todas as ruas que encontramos.

Infra-estruturas abertas tornam-se infra-estruturas de utilização geral sobre as quais sistemas sociais de larga escala são construídos. A Web leva o conceito de abertura um pouco mais longe e permite um conjunto continuamente evolutivo de novos serviços que combinam a informação a uma escala global anteriormente impossível.. Esta universalidade foi a base da inovação da Web e continuará a sê-la no futuro.



Fundações Abertas para Inovação gerida pela Informação

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A Web não foi apenas uma via para a livre troca de ideias, mas foi também uma plataforma para a criação de uma grande e inesperada variedade de novos serviços. Aplicações comerciais como o eBay, Google, Yahoo e Amazon.com são apenas alguns exemplos da extraordinária evolução que é possível devido à tecnologia aberta, baseada em standards e livre de royalties que integra a Web.

Desenvolvendo um website de leilões, um motor de pesquisa ou uma nova forma de vender bens de consumo, inovadores de comércio electrónico foram capazes de desenvolver novos serviços com a confiança de serem disponíveis para uso por todos com ligação à Internet e um browser Web, seja qual for o sistema operativo, hardware ou o ISP escolhido por esse utilizador (note-se que devida a que alguns criadores de browser não respeitam totalmente os standards, os criadores de websites têm que ter mais trabalho para que os seus sítios funcionem correctamente em todos os browsers). A inovação nos domínios não comerciais e governamentais foi igualmente robusta.

Os primeiros websites como o Thomas lideraram os esforços para tornar o processo legislativo mais aberto e transparente e websites não comerciais como a Wikipédia são pioneiros em novas formas de partilha de informação.

A flexibilidade e abertura inerente aos standards da Web também tornam este meio uma fundação poderosa nos quais se constroem serviços e aplicações que são realmente acessíveis por pessoas com deficiências e, igualmente, por pessoas que precisam de transformar conteúdos em algo para que não foram criados originalmente.

A lição para a proliferação de novas aplicações e serviços sobre a Web é que a inovação acontecerá se for uma plataforma de standards técnicos livres, uma arquitectura, flexível, escalável e o acesso a estes standards for livre de termos livres de royalties (licenças de patentes de 0€). No World Wide Web Consortium, apenas padronizamos tecnologia se puder ser implementada numa base livre de royalties.

Por isso, todos os que contribuírem para o desenvolvimento dos standards técnicos no W3C têm que concordar em fornecer licenças livres de royalties para quaisquer patentes que possam ter se essas patentes bloqueassem compatibilidade com o padrão. Considere como comparação o ambiente de distribuição de música Apple iTunes+iPod. Esta integração de hardware, software e serviço Web mostra uma intrigante mistura de tecnologia proprietária e standards abertos.

O ambiente iTunes consiste em duas partes: venda de músicas e vídeos e distribuição de podcasts. A venda da música é gerida por uma plataforma proprietária controlada pela Apple com o objectivo de evitar o abuso de copyright. Contudo, porque a Apple utiliza tecnologias fechadas e não padrão para a sua protecção anti-cópia (conhecida como Digital Rights Management), o crescimento é visto como limitado. De facto, Steve Jobs, o CEO da Apple escreveu recentemente que o mercado das vendas de música on-line está limitado pela falta de acesso livre à tecnologia DRM.

Em contraste, o componente de podcast do iTunes está a crescer bastante, dando uma forma para que os pequenos e médios distribuidores de áudio e vídeo partilhem ou vendam os seus produtos na Web. Diferente das vendas de música e vídeos, os podcasts são baseados em standards abertos, assegurando que é fácil editar, criar e distribuir o conteúdo podcast.



Separação de níveis

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Quando, há 17 anos, criei a Web, não tive que pedir a permissão de ninguém A Web, como uma aplicação nova, sobrepôs-se à Internet existente sem grandes alterações à própria Internet.

Esta é a genialidade da concepção da Internet, do qual não tomo os créditos. Aplicando a velha sabedoria do design com partes modificáveis e separação de detalhes, cada componente da Internet e as aplicações que correm nela são capazes de se desenvolver e melhorar independentemente.

Esta separação de níveis permite que uma inovação simultânea mas autónoma ocorra em muito níveis ao mesmo tempo. Uma equipa de engenheiros pode-se concentrar em desenvolver o melhor serviço de dados wireless, enquanto que outro pode aprender como conseguir mais e mais bits através da fibra óptica. Ao mesmo tempo, os criadores de aplicações, tais como eu, podem desenvolver novos protocolos tipo voice over IP, mensagens instantâneas e redes peer-to-peer.

Devido á natureza aberta da concepção da Internet, todos estes continuam a funcionar bem em conjunto enquanto cada um se vai melhorando.

Olhar em frente


Tendo descrito como é que a Web chegou a este ponto, vamos mudar o tema da questão para até onde podemos ir daqui para a frente.

Espero ter-vos convencido que a evolução da Web não está nas mãos de uma pessoa, minhas ou de qualquer outra.

Mas gostaria de salientar as três áreas nas quais espero desenvolvimentos entusiasmantes num futuro próximo. Primeiro, a Web será cada vez melhor em ajudar-nos a gerir, integrar e analisar informação.

Hoje, a Web é muito eficaz em ajudar-nos a publicar e descobrir documentos, mas os elementos individuais de informação dentre desses documentos (seja a data de um evento, o preço de um item numa página de catálogo ou uma fórmula matemática) não pode ser manipulado directamente como dados. Hoje você pode ver os dados n seu browser, mas não pode fazer com que outros programas de computador os manipulem ou analisem sem ter que tenha que fazer um grande esforço manual.

"Conforme se resolve este problema, podemos esperar que a Web como um todo se assemelhe a uma grande base de dados ou folha de cálculo, em vez de um conjunto de documentos ligados.

Em segundo, a Web será acessível a parir de uma crescente diversidade de redes (wireless, cabo, satélite, etc.) e será disponível numa crescente diversidade de dispositivos.

Finalmente, numa tendência relacionada, as aplicações Web serão cada vez mais presentes no nosso ambiente humano com paredes, tabliers de automóveis e portas de frigoríficos a servir de janelas para a Web.




Integração de Dados

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Informação digital sobre quase qualquer aspecto das nossas vidas está a ser criado a um ritmo surpreendente. Fechada em toda esta informação está a chave para o conhecimento para curar doenças, criar valores de negócio e governar o nosso mundo com maior eficiência. A boa notícia é que um conjunto de inovações técnicas (o RDF é para os dados o que o HTML é para os documentos, e a Web Ontology Language (OWL) que nos permite definir como ligar as fontes de dados) acompanhadas por uma maior abertura nas práticas de partilha de informação estão a tornar a World Wide Web no que chamamos de Semantic Web.

Um avanço em direcção a uma melhor integração de dados acontecerá através da tecnologia chave que tornou a Web num sucesso: a ligação. O poder da Web hoje, incluindo a possibilidade de encontrar páginas que procuramos, deriva do facto que os documentos são postos a Web numa forma padrão e, então, ligados. A Semantic Web permitira uma melhor integração de dados ao permitir a quem colocar itens individuais de dados na Web ligá-los com outros pedaços de dados utilizando formatos padrão.

Para melhor compreender a necessidade de melhor integração de dados, compare o enorme volume de dados experimentais produzidos em laboratórios académicos e comerciais de pesquisa de medicamentos por oposição ao estagnante ritmo de descoberta de medicamentos. Enquanto que factores de mercado e regulamentares desempenham um papel, estudiosos das ciências da vida chegam à conclusão que em muitos casos, nenhum laboratório, nenhuma biblioteca nem repositório de dados genéticos contêm a informação necessária para descobrir novos medicamentos.

Pelo contrário, a informação necessária para compreender as complexas interacções entre as doenças, processos biológicos no corpo humano e o vasto grupo de agentes químicos está espalhada pelo mundo numa miríade de bases de dados, folhas de cálculo e documentos.

Os cientistas não são os únicos a precisar de uma melhor integração de dados. Considere o sector das finanças e investimentos, um mercado no qual o lucro é criado, em larga medida, por ter as informações correctas, na altura certa, e chegar a conclusões correctas baseadas na análise e detalhes retirados dessa informação. Estratégias de investimento de sucesso são baseadas na descoberta de standards e tendências num cada vez mais diverso conjunto de fontes de informação (notícias, dados de mercado, tendências históricas, preços de comodidades, etc.).

Fornecedores de informação financeira de vanguarda estão agora a desenvolver serviços que permitam aos utilizadores integrar os dados que têm, sobre os seus portfolios ou modelos de mercados internos, com a informação entregue pelo serviço de informação. A criação de valor único é na integração de serviços, não nos dados brutos em si ou mesmo nas ferramentas de software, a maioria das quais serão criadas em componentes open source.

Novas capacidades de integração de dados, quando dirigidas a informações pessoais, apresentam grandes desafios de privacidade que são raramente referidos pelas leis de privacidade actuais. A tecnologia a Web presente já ajuda a revelar muito mais sobre os indivíduos, o seu comportamento, hábitos de leitura, opinião política, ligações pessoais, filiação em grupos e mesmo estado de saúde e financeiro. Em alguns casos, esta informação pessoal é revelada pela inteligente integração de peças individuais de dados na Web que fornece pistas para informação inacessível de outro modo.

Noutros casos, as pessoas revelam muito sobre elas próprias, mas com a intenção que seja utilizado em certos contextos por certas pessoas. Estas mudanças na forma como nos relacionamos com a informação pessoal requer uma atenção séria a muitos aspectos das nossas vidas sociais e legais. Enquanto que estamos apenas a começar a ver estas mudanças, agora é a hora de examinar um conjunto de opções legais e técnicas que irão preservar os nossos valores de privacidade fundamentais para o futuro sem suprimir em exagero novas capacidades de processo e partilha de informação.

O nosso grupo de pesquisa no MIT está a investigar novas tecnologias para aproveitar ao máximo a Semantic Web, e também tanto modelos técnicos como de etiqueta social que ajudarão a tornar mais transparente e responsável a World Wide Web e outros sistemas de informação de grande escala. A nossa crença é que para proteger a privacidade e outros valores de etiqueta social, precisamos de pesquisar e desenvolver novos mecanismos técnicos que forneçam maior transparência no sistema que é usado e responsabilizar para esses usos com respeito para com as regras vigentes.



Diversidade de Rede e Independência de Dispositivos

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A Web sempre foi acessível a partir de uma variedade de dispositivos numa variedade de redes. Desde cedo, podia-se navegar na Web desde um Macintosh, um Windows PC ou um computador com Linux. No entanto, durante muito tempo o modo dominante de utilizar a Web era a partir de um computador de secretária ou portátil com um ecrã relativamente grande. Cada vez mais, as pessoas usam dispositivos que não o PC que têm monitores muito maiores ou menores, e que acedem à Internet através de uma diversidade crescente de redes.

No fim deste espectro, os dispositivos assemelhar-se-ão cada vez mais a telemóveis. No outro lado, eles parecer-se-ão com TV de grande ecrã. Há, claro, desafios técnicos associados com a compressão de uma página Web desenhada para um ecrã de 17 cm para um ecrã de 5 a 10 cm disponível num telemóvel ou PDA. Alguns destes serão resolvidos através dos standards comuns e através de novas técnicas de interface. Tudo isto significa uma maior conveniência para utilizadores e mais oportunidades para novos serviços Web que são adaptados para pessoas que estão fora das suas secretárias.

O crescimento em redes de acesso e aplicações prontas para a Web apresenta um número de oportunidades importantes. Por exemplo, serviços de rede mais robustos e redundantes para além de usos inovadores de redes de base comunitária na Web estão a desempenhar um papel cada vez mais importante em áreas como planos de emergência e avisos. Notícias sobre redes de comunicação ad-hoc que ajudam em esforços de emergência são apenas um exemplo dos benefícios da abertura, flexibilidade e acessibilidade da Internet e da Web.

Esta exacta área é um microcosmos de muitos problemas que debatemos hoje, porque para que funcionem é preciso uma integração transparente de diversos tipos de dados; reciclando os dados instantaneamente em formatos válidos para uma miríade de dispositivos Web diferentes; e incluir as legendas necessárias, descrições e outras informações de acessibilidade necessárias. Encorajo todos os criadores de websites a assegurar que o seu produto seja conforma não apenas com os standards W3C, mas também com as directivas para acessibilidade por pessoas com deficiências, e acesso móvel.



Aplicações Web Omnipresentes

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No futuro, a Web vai parecer estar em todo o lado, não apenas no nosso desktop ou dispositivo móvel. Á medida que a tecnologia LCD fica mais barata, as paredes dos quartos e até as paredes de edifícios serão superfícies de exposição de informação da Web. Muita a informação que recebemos hoje através de uma aplicação especializada como uma base de dados ou folha de cálculo virá directamente da Web. Aplicações Web omnipresentes e abrangentes detêm muitas oportunidades para inovação e enriquecimento social.

Também apresentam desafios significativos à etiqueta social. Quase toda a informação mostrada é discurso, mas é feito em público, possivelmente de uma forma acessível às crianças. Alguma desta informação tende a ser pessoal, apresentando questões de privacidade. Finalmente, seja ou não pública esta face sempre presente da Web, irá moldar a natureza dos espaços públicos onde trabalhamos, fazemos compras, fazemos política e socializamos.



A Web Não Está Completa

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O progresso na evolução da Web até ao presente foi gratificante para mim. Mas a Web não está de forma alguma completa.

A Web e tudo o que acontece nela, baseia-se em duas coisas: protocolos tecnológicos e convenções sociais. Os protocolos técnicos, como o HTTP e HTML, determinam como os computadores interagem. As convenções sociais, tais como o incentivo de tornar as ligações em recursos preciosos ou as regras de relacionamento num website de rede social, são como é que as pessoas preferem, e podem, interagir.

Enquanto que Web passa a sua primeira década de uso abrangente, ainda sabemos muito pouco sobre estes complexos mecanismos técnicos e sociais. Apenas atingimos a superfície do que poderá ser descoberto com investigação científica mais aprofundada sobre o seu conceito, funcionamento e impacto na sociedade. Um conceito tecnológico robusto, decisões de negócio inovadoras e uma sã análise à etiqueta social requerem que sejamos conscientes das complexas interacções entre a tecnologia e sociedade.

Chamamos a esta consciência a Ciência Web: a ciência e engenharia deste sistema massivo para o bem comum. Para galvanizar a pesquisa da ciência Web e os esforços educativos, o MIT e a Universidade de Southampton no Reino Unido criaram o Web Science Research Initiative. De acordo com um Scientific Advisory Council internacional de distintos cientistas informáticos, cientistas sociais e conselheiros legais, o WSRI irá ajudar a criar as fundações intelectuais, atmosfera educacional e a base de recursos para permitir aos investigadores levar a Web a sério como um objecto de análise científica e inovação na engenharia.




Conclusão


Então como planeamos um futuro melhor, melhor para a sociedade?

Asseguramos que ambos protocolos tecnológicos e convenções sociais respeitem valores básicos. Que a Web se mantenha uma plataforma universal: independente de qualquer dispositivo de hardware específico, plataforma de hardware, língua, cultura ou deficiência. Que a Web não seja controlada por uma só companhia - ou um país.

Aderindo a estes princípios podemos assegurar que a tecnologia da Web, como a Internet, continue a servir como base a coisas maiores no futuro. É a minha esperança, Presidente Markey, membros do comité, que uma compreensão da natureza da Web vos irá liderar nos vossos trabalhos futuros e que o público em geral pode contar convosco para defender estes valores da melhor forma que conseguirem. Agradeço a oportunidade de estar entre vós e ofereço-me para vos ajudar nos vossos esforços futuros.



Discurso original dado por Tim Berners-Lee perante o Comité da Casa dos Representantes dos Estados Unidos sobre Energia e Comércio - Subcomité em Telecomunicações e Internet. Publicado inicialmente no website do CSAIL Decentralized Information Group (Massachusetts Institute of Technology).

Sobre o autor

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Sir Timothy John "Tim" Berners-Lee é o inventor da World Wide Web, director do World Wide Web Consortium (que controla o desenvolvimento continuado), e chefe de pesquisa e actual ocupante da Founders Chair da 3Com Computer Science and Artificial Intelligence Laboratory (CSAIL) do MIT)



Créditos das Imagens

Puzzle verde: Gautier Willaume
Figuras em papel: James Thew
Parede de tijolo vermelho: Aleksey Poprugin
Em rede: Peter Galbraith
Rosa dos Ventos: Antonio Nunes
Gráfico circular: Andres Rodriguez

Tim Berners-Lee -
Reference: CSAIL Decentralized Information Group [ leia mais ]
 
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