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4 June 2012

Universidades, Licenciaturas… Irão Os Meus Filhos Seguir Este Caminho?


Ingressar na Universidade?

Aprender ... é adquirir conhecimento ou competências através do estudo, de experiências ou do ensino… mas também… pelo aumento da capacidade de agir eficazmente… Esta definição enfatiza a importância de tomar acções e obter resultados vs. capital intelectual sem aplicação utilidade.


Irão os meus filhos ingressar na universidade? A minha resposta é directa e firme: Não, eles não irão.


“Educação – Meios através dos quais os jovens adquirem as capacidades necessárias para serem bem sucedidos no seu espaço e no seu tempo – está a divergir do “mundo escolar”.


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Créditos: Galina Barskaya



Actualmente a educação ocorre depois da escola, aos fins-de-semana e quando o professor não está a olhar: através de mensagens SMS, de páginas no MySpace, em entradas de blogs, podcasts e videoblogs que os nativos digitais, tecnologicamente bem equipados, trocam digitalmente entre eles.

Fonte:Howard Rheingold


As instituições de ensino, desde a escola primária às universidades, deixaram de ser a melhor forma de ajudar qualquer individuo a se educar e a aprender como melhor utilizar as suas capacidades inatas para conduzir e navegar pelos requisitos da vida, sejam eles profissionais, interpessoais ou espirituais.


Sim, se você quiser pré-empacotar os comportamentos do seu filho, respostas, atitudes, aquilo em que ele acredita, os paradigmas de escassez da sociedade industrial, competição, dogma e verdades cientificas, especialização no trabalho e no pensamento, então as escolas tradicionais podem ainda ser o melhor local para modelar mais complexo-industriais e gestores-comerciantes de forma a manter a velha a roda em movimento por mais algum tempo.


Mas se você acredita seriamente em ajudar o “humano2.0”, o completamente-humano, auto-actualizável, animal-tecnológico, que raramente encontramos à nossa volta, pode valer a pena recuperar o controle e responsabilidade das oportunidades oferecidas pela educação fora-da-escola, grau-independente.


Numa carta muito inspirada para os seus pequenos filhos (ambos blogers), o edu-blogger e especialista em tecnologias para a educação, Will Richardson, fala abertamente sobre as razões e motivações que o levam a não forçar os seus filhos a irem para a universidade.


Os sentimentos expressos e as ideias contidas na sua curta e simples carta para os seus filhos, reflecte em grande parte os meus próprios sentimentos de aversão ao ensino tradicional, em salas de jaula, pode ainda oferecer às crianças de hoje, enquanto enfatiza a riqueza e valor da experimentação, contextualização e partilha da aprendizagem em grupo aonde a paixão e interesses comuns são as ferramentas todo-poderosas funcionando como agregadores e motivadores.


Dedicado aos meus maravilhosos filhos, Ludovico e Chiara, eis a carta do Will Richardson:

 

Queridos filhos, vocês não têm que ir para a universidade



Queridos Tess e Tucker,


na maior parte das vossas jovens vidas, vocês devem ter ouvido ocasionalmente a vossa mãe e eu a conversar sobre o vosso futuro em que dizíamos que um dia vocês irão para fora, para frequentar uma universidade, de forma a obter esta coisa chamada licenciatura que depois servirá para mostrar a toda a gente que são entendidos em alguma coisa e que vos levará a conseguir um bom emprego, que vos fará felizes e capazes de criar uma família algures no futuro.


Pelo menos é o que a vossa mãe e eu temos em mente quando falamos há cerca disso.


Mas, ainda não disse isto à vossa mãe, mudei de ideias.


Eu quero que vocês saibam que, se vocês não quiserem, não têm de ir para a universidade e quero que saibam também, que existem outras avenidas que permitem alcançar esse futuro podendo ser mais instrutivas, mais significantes, que vos digam mais e sejam mais relevantes do que tirar uma licenciatura.

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Tess e Tucker Richardson, ambos bloggers, são os destinatários desta carta do seu pai - Will Richardson


Deixem-me colocar as coisas desta forma (explicar-vos-ei isto melhor quando forem mais velhos.)


a) Eu prometo apoiar-vos o maior tempo que puder na vossa jornada para aprender, tenha o aspecto que tiver.


b) Eu farei tudo o que puder para vos ajudar a encontrar e perseguir as vossas paixões quaisquer que sejam os meios que vocês decidam usar, o que irá permitir que vocês aprenderem o máximo que conseguirem.


c) Eu vou ajudar-vos a construir o vosso plano para obter as competências nessa paixão. Esse plano pode incluir diversas actividades e ambientes que sejam totalmente diferentes (e provavelmente bem mais baratos) do que a tradicional experiência universitária.


Alguns dos vossos planos podem incluir salas de aula, outros podem incluir formação ou certificação. Mas alguns podem também incluir aprender através de jogos vídeos on-line, comunidades virtuais e redes informais que ireis construir à volta dos vossos interesses, todos eles a encaminhar-vos na direcção das capacidades que desejarem obter. (Lembrem-me a dado momento para vos dizer o que um individuo chamado George Siemens diz à cerca disto).


Durante este processo, irei ajudar-vos na criação do vosso portfólio de aprendizagem, o artefacto que, quando chegar a altura, vocês irão partilhar com os vossos possíveis empregadores ou colaboradores para iniciarem a vossa vida profissional. (de facto, provavelmente, vocês irão encontrar estas pessoas como parte desse processo.)



Em vez do pedaço de papel na parede que diz que vocês são especialistas, vocês terão um conjunto de experiências, reflexões e conversas que vos irão mostrar a vossa especialidade, mostrar-vos o que sabem, torna-lo transparente. Isso incluirá todo um trabalho e rede de aprendizagem para os quais vocês se irão virar ao logo do tempo, que irá evoluir enquanto vocês evoluem e afirmando-se como a vossa fonte de aprendizagem mais importante.



Eu sei, eu sei. Devem estar agora a pensar, “mas pai, não seria mais fácil ir para a universidade?” sim, deve ser. E dependendo do que acabarem por querer fazer a universidade pode ser a melhor resposta.


Mas pode não ser.


E quero lembrar-vos que, por experiência própria, todo o “aprender” que fiz em todas as aulas da universidade, aonde gastei o meu tempo, não chega perto ao que eu fiz por mim próprio pela simples razão de agora estar a aprender com pessoas que são tão (se não mais) apaixonadas pelo “saber” como eu.


O que eu quero para vocês é que se liguem a pessoas e ambientes aonde a vossa paixão encaixe, na expectativa que vocês aprendam em grupo e não sozinhos. Aonde vocês se sintam livres para criar o vosso próprio currículo, encontrar os vossos professores, e criar as vossas próprias avaliações quando elas forem relevantes. Aonde vocês tomem decisões (e os vossos professores vos guiem nessas decisões) sobre o que é relevante saber e o que não é, em vez de alguém decidir isso por vocês. Aonde, no final do dia, vocês olhem para trás e descubram que a grande maioria do vosso esforço foi tempo bem gasto e não tempo desperdiçado.


Em muitos aspectos invejo-vos.


Eu penso no tempo que gastei a “aprender” coisas que não tinham nenhuma relevância para a minha vida profissional, simplesmente porque a tal era obrigado. Conhecimento esse que se tornou velho quase tão rapidamente quanto proferido pela boca do meu professor.


Eu penso sobre o quanto mais poderia ter conseguido nessas centenas e centenas de horas (e de dólares) que agora parecem deitadas fora porque não tive escolha.


Eu quero ter a certeza que vocês sabem que têm escolha.



Assim, quando a altura chegar, começaremos a conversar acerca dos caminhos que vocês pretenderão seguir e como podem segui-los.


A vossa mãe e eu temos expectativas altas e iremos fazer tudo o que pudermos para vos apoiar nas decisões que tomem.


Para terminar, a minha esperança é que aprendam isto por vós próprios e que agarrem as oportunidades que este novo mundo de aprendizagem e conhecimento vos oferece e que irão achar excitante e provocante como eu o achei.


Com amor, Pai.

 

Originalmente escrito por e publicado pela primeira vez na MasterNewMedia.

 

Robin Good - Will Richardson [via George Siemens] -
Reference: Weblogg-ed [ leia mais ]
 
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