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4 June 2012

Ensino E Aprendizagem On-Line: Conhecer Os Alunos No Seu Ciber-Habitat Natural

"O ensino e a aprendizagem estão a mudar com a Internet. Os alunos são, de longe, muito mais digitalmente educados do que muitos dos seus professores. Esta é uma geração que nasceu e cresceu on-line. A Internet e a tecnologia, em muitos casos, parece a segunda natureza para muitos. Então, estabelecer objectivos de aprendizagem e objectivos educacionais deve ser concomitante com o comportamento dos alunos.

Entrámos num novo mundo de aprendizagem, onde os estudantes estão a produzir continuamente conteúdo criativo e intelectual para as massas. Neste ponto, existe um imperativo na educação de encontrar os alunos, os nossos futuros jornalistas, onde vivem - no ciberespaço on-line. Não é apenas isto importante para a presente condição da educação superior neste país, mas aplica-se directamente a estudantes futuros."

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Crédito da Fotografia: Lisa F. Young

O excerto anterior foi retirado de um blogue intitulado "Student Matters", coordenado por Dennis Dunleavy para uma turma de Jornalismo Público na Universidade de Oregon do Sul.

Por este blogue e pelas histórias recontadas nele, Dennis Dunleavy partilha, mostra e explica como utilizar eficazmente as novas tecnologias de publicação que se tornaram disponíveis para todos, dentro e fora do mundo académico.

No estudo que chamou de "One Last Note from a Teacher", explica a importância dos novos académicos desenvolverem novas tecnologias de comunicação para encontrar e desafiar os estudantes no seu habitat natural: o mundo on-line.

A não ser que as instituições académicas possam ver e apreciar o valor único que os blogues, wikis, podcasts, video blogues, screencasts e feeds RSS, entre outros, podem fazer para aumentar o apetite dos alunos pela descoberta pessoal, análise e confrontação, o verdadeiro potencial que as novas tecnologias multimédia oferecem hoje para as instituições poderá ser muito desaproveitado.

Aqui está o que ele escreveu:

 

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Crédito da Fotografia: Rob Marmion

Nesta Primavera, a nossa turma de Jornalismo Público na Universidade do Sul do Oregon produziu um conjunto de trabalhos profundos no nosso blogue "Student Matters".

Os temas analisados foram desde o entretenimento popular até à política. No geral, o projecto foi uma bem-vinda e excitante exploração no novo mundo da comunicação pela Internet.

Sem cerimónias, analisámos o “blogging” e o seu ambiente natural, a “Blogosfera” com uma boa dose de agitação. Sendo uma experiência inédita no campus da USO, o nosso objectivo era relativamente simples - fomentar um debate no campus sobre assuntos que interessam aos estudantes.

É isto o que blogging faz, para o bem e para o mal.

O blogging abre ao mundo conversas entre estudantes e professores, estudantes e estudantes e a comunidade e estudantes.

Na revista on-line Educause Review, Stephen Downes define o blogging educacional como uma forma de publicação pessoal. Um blogue então é, e sempre foi, mais do que o equivalente on-line de um diário pessoal.
Embora constituído por actualizações regulares (muitas vezes atrasadas), o blogue assume a forma de diário incorporando as melhores funcionalidades do hipertexto: a possibilidade de se ligar a novos e úteis recursos. Mas um blogue é também caracterizado por reflectir um estilo pessoal, que pode ser reflectido tanto na escrita como na selecção de ligações dadas aos leitores.

Os blogues são o núcleo do que veio a ser chamado de publicação pessoal, num mundo cada vez mais saturado de informação.

Explorámos as potencialidades do jornalismo público através do blogging sobre o nosso campus, tanto em teoria como na prática. Recolhemos o que ouvimos ao ouvir outros na comunidade que chegaram antes de nós. Seguimos o discurso sobre o blogging e como pode afectar as mudanças. Por fim, criámos o blogue Student Matters como um diário on-line e um espaço para explorar os princípios do ensino baseado na comunidade.

Essencialmente, o ensino baseado na comunidade significa um compromisso pro-activo na resolução de problemas. Neste caso, os estudantes determinaram que a nossa comunidade estava no campus e que iria gerar um número suficiente de assuntos dignos de registo.

Alguns destes assuntos incluíam, o sistema bancário Higher One, a procura de um novo reitor, políticas da residência e do centro de saúde, liberdade de expressão no campus e outros assuntos a que os estudantes estão sujeitos enquanto estão na universidade. Os trabalhos de escrita estavam divididos em três categorias: reportagem jornalística, opinião e comentário e análises sobre arte e entretenimento.

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Crédito da Fotografia: Trellix.com

Desde o início, o maior obstáculo nesta aula centrava-se em saber como é que estas pessoas definiam “jornalismo público". No emergente mundo da comunicação pela Internet, especialmente na Blogosfera, rapidamente descobrimos que havia mais perguntas que respostas. Todos pareciam definir o jornalismo público de maneira diferente.

No centro dos assuntos que envolvem o jornalismo público, também conhecido como jornalismo civil ou participado, reside uma tensão. Cynthia Care, uma estudante que investigou os temas da criação e manutenção de comunidades, comenta, “Hoje existe um conflito entre os interesses empresariais e o acesso à comunicação, informação e conhecimento via Internet.” A natureza pública do blogging, que é inerentemente de tom mais pessoal do que o praticado pelos tradicionais jornalistas “objectivos” ou “imparciais”, produz um dialecto de incredibilidade.

Jerry Clarkson eloquentemente explica que o problema com o blogging e o jornalismo público é principalmente de percepção. Como Clarkson reitera:

Os jornalistas públicos tendem a ser mais activistas na sua acção. Embora este papel activista possa parecer criar uma aproximação tendenciosa e assim fomentar problemas de credibilidade, eu acredito que funcione ao contrário. Uma vez reconhecidas as nossas tendências, aqueles que lêem as nossas críticas podem compreender a nossa visão da história e aceitar a honestidade com a qual a abordamos.

Care nota que a frustração pública, normalmente observada para com os media empresariais, serviu de impulso ao jornalismo público.

No seu estudo, “A Internet como um bem comum,” Care analisa o contexto histórico entre interesses privados e públicos. Ela explora a noção dos “comuns” como “uma herança” a que todos têm acesso. Historicamente, estas “heranças” foram atribuídas aos recursos naturais, mas mais tarde incluíam heranças culturais e sociais.

É neste segundo conjunto de “heranças (cultural e social) que a escritora nota como “herança” da língua, arte, ciência e, agora, a Internet. Para Care, e muitos outros, a Internet tornou-se uma comodidade social e cultural, “um fórum acessível para a expressão pública, que é facilmente acessível a vozes independentes.

Tensões ou conflitos entre formas de expressão ou reportagem públicas e privadas estão incrustradas na forma de como cada pessoa vê uma das formas como sendo melhor que a outra. Matt Gemmell, um especialista em foto-jornalismo, define o jornalismo público como “qualquer notícia produzida por alguém que não seja jornalista profissional.” Agora, o leitor é confrontado com o desafio da escolha.

Durante o semestre, os estudantes analisaram histórias on-line de jornais locais para descobrirem que os formulários de feedback na Internet permitem aos leitores corrigir inconsistências e incongruências no relato. Numa história sobre um acidente de mota em frente da Universidade, os comentários sobre a notícia variavam desde relatos testemunhas oculares sobre o incidente que não foram relatados nos jornais, e também uma correcção da irmã do motociclista. Desta forma, os leitores não podiam responsabilizar o jornal na Internet mais do que o fariam com o tradicional jornal impresso.

Jeremiah Page conclui o fenómeno respondendo, “As pessoas podem responsabilizar o jornalista pela exactidão, tendência, estilo e relevância. Em vez de saber algo e ser informado sobre um assunto, podemos ser parte da solução. Isto é revolucionário!” Gemmel vai mais longe ao dizer que “o jornalismo público está a redefinir a forma como pensamos sobre o jornalismo tradicional.” Para Page, “O jornalismo público leva o jornalismo para um novo nível que nunca antes foi possível. O jornalismo público transformou o receptor num potencial participante.

Donald Lind, um finalista da especialização em jornalismo, acredita que “Os media de hoje são fáceis de serem considerados pouco fiáveis. Mas a tecnologia de hoje pode desafiar a imprensa como nunca.” Ao mesmo tempo, William Hastings descobriu que a noção de jornalismo público gera controvérsia. “Sinto que vamos "apalpando" terreno através das muitas [implicações] que a Internet pode ter no jornalismo, e esta é a ponta do icebergue.

Uma das estruturas analíticas utilizadas para elaborar o blogging no curso foi a ideia de Robert Putnam de “capital social”, baseada na lei da Internet de Metcalfe.

Metcalfe, que é associado à criação da Ethernet, acredita que o número de ligações possíveis entre utilizadores da Internet aumenta conforme o quadrado do número de ligações aumenta. Para além disso, a lei de Metcalfe afirma que o valor comunitário de uma rede de utilizadores aumenta conforme o quadrado aumenta.

Imagine a blogosfera como um enorme centro comercial com milhões de lojas de aluguer. De cada vez que um utilizador selecciona uma loja para visitar, fica imediatamente ligado, directamente ou indirectamente, a todas as lojas dos outros utilizadores. Para Hastings, “No fim, o jornalismo público [na Internet] permite ligarmo-nos uns aos outros. Este é um processo central em fazer a mudança e alargar... perspectivas.

Interconectividade e ligações sociais, algo que faz parte integrante da blogosfera, apresentaram-se várias vezes durante o semestre. Por exemplo, depois de um aluno publicar uma crítica pungente do sistema bancário Higher One, um dos fundadores respondeu ao blogue. Num acto de transparência surpreendente, o executivo pediu desculpas por quaisquer problemas que o estudante possa ter tido e encorajou-o a continuar caso o problema não fosse resolvido rapidamente. Curiosamente, outros estudantes começaram a publicar no sítio comentários e queixas sobre o sistema bancário. Embora os comentários dos estudantes não fossem de forma alguma jornalísticos no sentido tradicional, a publicação poderia certamente levar no futuro a reportagens de investigação.

Talvez seja o que o executivo pense. Se ele deixasse que as publicações aparentemente inofensivas e obscuras doblogue ficassem sem resposta, poderia levar a uma maior intervenção de pessoas insatisfeitas. Por outro lado, talvez as preocupações do executivo sejam verdadeiras e sinceras e que as intenções dele sejam social e empresarialmente responsáveis.

Em certos aspectos, a Internet leva o jornalismo de volta a um tempo quando os escritores se sentiam livres para criticar empresas e governos - aos tempos de Nellie Bly, Upton Sinclair, George Seldes, and I.F. Stone.

Como responde Lind, “O acesso instantâneo ao mundo permite aos cidadãos destruir notícias que poderiam ter sido aceites universalmente à uma década atrás.” A agência dinâmica e interactiva do blogging sugere como a Internet torna obsoletas as antigas formas de recolha e uso da informação.

Os estudantes souberam do seu próprio trabalho através do estudo das quatro leis dos media de Marshall McLuhan, que afirma que as novas tecnologias expandem e fortificam os media, reverte algumas das características dos media antigos, gera novas formas de comunicação e, finalmente, melhora as qualidades dos media.

Na verdade, o que muitos de nós estão a aceitar é que o futuro já chegou e está à espera que nos juntemos ao maior debate que o jornalismo público promove.

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Crédito da Fotografia: Norbert Machinek

Como Eric Hidle realça, “Com a nova tecnologia vem a obsolência dos antigos meios.” Na sua pesquisa, Hidle descobriu que quase três em quatro americanos agora têm acesso à Internet.

Com o crescimento da Internet também vêm os sites de ligação social, como o MySpace, Friendster, Live Journal, Friendzy, Tribe, FriendSurfer, PeepsNation, Emode e outros, que continuam a comandar audiências cada vez maiores.

De facto, os sites de ligação social cresceram em 47% em relação ao ano passado e os sítios de notícias on-line cresceram de acordo com eles. A pesquisa de Hidle sobre bloggers da Universidade de Oregon do Sul é significativa.

Simplificando: as pessoas estão on-line, estão ligadas e estão informadas.

Comparar o estado do nosso corpo estudantil com o mundo seria injusto. Os estudantes Universidade de Oregon do Sul estão tecnologicamente muito à frente do cidadão comum. Todos os estudantes matriculados na USO tem acesso à Internet através dos laboratórios informáticos. E, em 13 de Junho de 2006, 1309 estudantes estão registados na rede facebook.com e 1873 estão registados na rede MySpace.com da universidade. Isto representa cerca de 40% do corpo estudantil interligado.

Pode também ser suposto que muitos estudantes registados em tais sítios não pertencem aos grupos da universidade mas ligam-se com outros membros que estão matriculados. Para professores e também estudantes, é importante considerar as óbvias implicações de tais estatísticas.

O ensino e a aprendizagem estão a mudar com a Internet. Os estudantes são muito mais educados digitalmente do que muitos dos seus instrutores. Esta é uma geração que nasceu e cresceu on-line. A Internet e a tecnologia, em muitos casos, parece a segunda natureza para muitos. Então, estabelecer objectivos de aprendizagem e objectivos educacionais deve ser concomitante com o comportamento dos alunos.

Entrámos num novo mundo de aprendizagem, onde os estudantes estão a produzir continuamente conteúdo criativo e intelectual para as massas. Neste ponto, existe um imperativo na educação de encontrar os alunos, os nossos futuros jornalistas, onde vivem - no ciberespaço on-line. Não é apenas isto importante para a presente condição da educação superior neste país, mas aplica-se directamente a estudantes futuros.

Num estudo conduzido pelo projecto Pew Internet & American Life, mais de 57% dos adolescentes que utilizam a Internet criaram conteúdo pessoal sob a forma de blogues, podcasts, videologs e flogs.

O estudo revela

Cerca de 21 milhões ou 87% com idades entre os 12-17 são activos na Internet." Os resultados enaltecem que esta é uma geração confortável com a tecnologia de criação de conteúdos. Os adolescentes estão ansiosos por partilhar os seus pensamentos, experiências e criações com a mais ampla população da Internet,
conclui o relatório.



Sobre o autor:
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Dennis Dunleavy é um professor universitário de Media Democracy, Public Journalism, Mass and New Media, Photojournalism. Foi coordenador de programas na School of Journalism and Mass Communications na Universidade de San Jose e tem colaborado mais recentemente com a Universidade de Oregon do Sul. Pode ler o seu blogue em:
http://ddunleavy.typepad.com/the_big_picture/

Dennis Dunleavy -
Reference: Student Matters [ leia mais ]
 
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