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4 June 2012

Software Social E As Possibilidades de Utilização Futuras (Parte III)

O Software Social é um conceito que engloba o mundo constituído por todos os sistemas de interacção baseados na Internet (p. ex. wikis, blogues, programas de mensagens instantâneas, podcasts). Estes sistemas permitem a colaboração e comunicação à distância ao aproveitar o potencial humano em vez das tecnologias que tornam possíveis estas interacções.

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Crédito da imagem: Alexandre Stolbstov

No primeiro artigo dedicado a este assunto analisámos o fenómeno do software social e o impacto nas vidas dos indivíduos e organizações, enquanto que no segundo analisámos a sua cada vez maior influência no ensino e aprendizagem na era da Geração Net.

Demos conta da influência positiva que o software social pode exercer, ao ser confrontado com o ensino e aprendizagem tradicionais, fomentando novas vertentes dos indivíduos (neste caso alunos e profissionais de ensino) que colaboram através de meios que realçam a sua criatividade e receptividade.

O artigo que apresento hoje é o terceiro artigo que extraí do fascinante relatório da Australian Flexible Learning Framework e que se foca exclusivamente na análise dos potenciais usos do software social no futuro, suportado pelos dados da pesquisa já disponíveis.

Continue a ler:

 

Software Social: A Visão do Futuro


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Aos contadores de histórias foi pedido que visualizassem um futuro que incorporasse o uso do software social para partilha de conhecimento, desenvolvimento de capacidades e veiculação de formação profissional. O propósito era reunir uma consenso em torno do 'como seria' se o software social fosse mais adoptado por quem ministra a formação profissional. Foi criada uma forte crença que este futuro está muito próximo!

Nesta história, Trevor Cook, um Director da Jackson Wells Morris aponta:

"O software social obriga-nos a repensar completamente os nossos métodos e formas de aplicação em muitas actividades. Já está a acontecer nos média e em muitas outras indústrias de telecomunicações, desde a música à indústria livreira."

Com isto concorda Semple, antigo Knowledge Manager na BBC e agora um consultor independente. Nesta história, Semple fala sobre as futuras mudanças serem "muito profundas" e diz que o futuro

"… não é apenas como as pessoas aprendem - é como as organizações se vêm e como fazem negócios."

Obrigatória para esta visão é a noção que a 'Geração Net' é uma parte significativa deste futuro. A obra de Oblinger (2005), Semple e outras fontes, todas referem a nova geração de alunos e trabalhadores como aqueles que forçam a mudança. Compreendem que a 'Geração Net' tem diferentes expectativas e não tolera a lentidão.

Já estão comprometidos com o software social e a fazer ligações e partilhar conhecimento. A 'Geração Net' é um condutor importante na actualização das novas tecnologias, para além das empresas e da sua busca pela eficiência. As organizações e as empresas têm que se 'mexer'.

O sentimento de urgência é talvez forçado pela convergência da natureza mutável do trabalho e aprendizagem numa era de conhecimento e pela resposta às necessidades da 'Geração Net'.

Em referência aos 'nativos digitais', Jennings, Líder Global da Learning Reuters, disse ao Global Summit:

"Esta geração é composta por pessoas multi-tarefa natos (ou, pelo menos, bons aprendizes). Utilizam naturalmente a tecnologia para comunicar dentro e fora das suas vidas profissionais."

A necessidade da alteração das experiências de aprendizagem para responder às necessidades de uma nova geração de alunos foi discutida já em 2003 com Norris et al defendendo:

"Num mundo de tecnologias naturais, redes de conhecimento disseminado e alunos multitarefa, a dinâmica das experiências de aprendizagem deve mudar para ser útil à nova geração de alunos."


No seu ensaio "O ensino está morto, viva a aprendizagem", Blackall (2006) defende que a Internet e tecnologias tais como o software social fornecem um meio de aprendizagem mais rico do que os métodos tradicionais.

Nesta pesquisa, duas estratégias vistas como uma parte de um futuro apoio ao uso do software social com sucesso, incluía o uso de wikis empresariais e ambientes de ensino pessoais.




Wikis empresariais



A criação de wikis empresariais para a partilha de ideias e gestão de projectos nas organizações foi altamente recomendada por alguns daqueles que já utilizavam software social. Existem indicações que as empresas na Austrália estão a começar a fazê-lo, com conselhos a surgirem a criação de wikis empresariais.

A história de Semple conta como a BBC utiliza wikis internamente e nota que os colaboradores pareciam mais confortáveis utilizando os wikis como ponto de partida. A ideia é que estão a ”a trabalhar ou a fazer algo”. Noteboom cita a estratégia de Dodds (2006) para a criação de wikis empresariais na sua empresa, Ingenta. O seu plano de implementação incluía:

  • estabelecer uma necessidade


  • escolher uma wiki


  • criar a sua comunidade


  • ser relevante


  • evitar anexos


  • estabelecer caminhos (estruturas de navegação para wikis)


  • empregar um "jardineiro" (para a manutenção da wiki)


  • o nome é tudo (nome da wiki)


  • evitar uma explosão da wiki




Ambientes de Aprendizagem Pessoal


Os Ambientes de Aprendizagem Pessoal(PLEs - Personal Learning Environments) são cada vez mais populares à medida que os alunos são responsabilizados pela sua aprendizagem. Muitos inquiridos olham para isto como fundamental no futuro. Ao estabelecer uma necessidade de PLEs, Attwell (2006) escreveu num blogue:
"A aprendizagem é vista como algo que acontece em várias etapas, com os indivíduos a passarem períodos ocasionais de educação formal e formação ao longo da sua vida profissional. O conceito de um Ambiente de Aprendizagem Pessoal reconhece que a aprendizagem é contínua e procura dar ferramentas para suportar essa aprendizagem. Também reconhece o papel do indivíduo em organizar a sua própria aprendizagem.

Além disso, as pressões para um PLE são baseadas na ideia de que a aprendizagem terá lugar em diferentes contextos e situações e não será fornecida por uma só fonte. Associado a tudo isto está um cada vez maior reconhecimento da importância da aprendizagem informal. Computação e software social omnipresentes estão a mudar a forma como aprendemos."


Outras visões para o futuro relativo ao uso do software social foram:

  • um espírito de abertura, não isolar a informação e o conhecimento em comunidades fechadas


  • 'não conferências' para redes e colaboração, habilitando os participantes à medida que desenvolvem programas em conjunto


  • ferramentas de software social integradas no fornecimento de formação e suporte


  • uso aprimorado do bookmarking social para partilha de conhecimento e fornecimento de formação profissional


  • todos são produtores, criadores, professores, alunos


  • o contínuo desenvolvimento de ambientes de agregação pessoal

  • gestão de conteúdos mais sofisticada, incluindo capacidades de pesquisa unificada


  • sistemas de e-portfolio robustos que suportem aprendizagem ao longo da vida


  • maior ênfase no uso de tecnologias móveis como meio de interligação com estes ambientes


  • tudo o que promova e suporte os objectivos de aprendizagem personalizada.

Aos inquiridos foi-lhes perguntado sobre o uso previsto de software social durante os próximos dois anos em relação ao presente. O corpo docente da formação profissional afirmou que a utilização actual do software social com os estudantes acontecia em semanas dispersas (29%) e em relação ao uso nos próximos dois anos manifestou a intenção de o utilizar pelo menos uma vez por dia (46%). (Veja a Tabela 8)


Tabela 8: Uso previsto de software social durante os próximos dois anos




Teorias e modelos para suportarem a visão


As taxonomias de ensino são integrais para o processo de ensino e aprendizagem e as novas teorias e modelos que compõem as taxonomias estão agora a justificar a prática. Foram feitas referências anteriores neste relatório às mais importantes:

Outros conceitos e modelos emergentes que podem informar a implementação de software social incluem: a ecologia de ensino, e-Learning 2.0; Aprendizagem ao longo da vida para desenvolvimento de capacidades e abordagem doseada.



A ecologia de ensino

Siemens (2006) recentemente propôs o conceito de uma ecologia de ensino para representar o ensino nesta nova era de conhecimento. Não só o conhecimento não reside num lugar determinado mas a aprendizagem tornou-se numa "rede de elementos distribuídos".

Siemens representa as ecologias como “complexas, sistémicas e adaptativas - capazes de reagir e ajustar-se a pressões externas e desenvolvimentos internos”. Devido à sua natureza, uma ecologia de ensino é autónoma e adapta-se às diferentes forças que têm impacto no sistema.

A metáfora de ecologia de ensino não é nova. Staron et al (2006) também utilizam a metáfora de ecologia de ensino para uma melhor compreensão da natureza mutável da aprendizagem na era de conhecimento e como uma abordagem pela força pode ser utilizada para desenvolvimento de capacidades neste contexto.



e-Learning 2.0

Stephen Downes (2005) atribuiu o termo e-Learning 2.0 em reconhecimento da evolução do e-learning nas comunidades e as tecnologias da Web 2.0 estão a tornar-se componentes essenciais do e-learning.

Downes explica que a diferença entre o e-Learning 2.0 e o e-Learning 1.0 é que os tópicos e o conteúdo de ensino já não são direccionados por plataformas on-line como os LMSs e os CMSs. Em vez disso, os alunos estão evoluem enquanto procuram por eles mesmos oportunidades de aprendizagem, fazendo ligações e formando comunidades de prática.



Aprendizagem ao longo da vida para o desenvolvimento de capacidades

A aprendizagem ao longo da vida (Staron et al 2006) é uma abordagem baseada em força, para o desenvolvimento de capacidades, que foi criada através de um estudo de estratégias apropriadas para quem exerce a formação profissional e trabalha e aprende em ambientes de ensino ”cada vez mais incertos, complexos e paradoxais”. É este o ambiente aonde o software social está a começar a ser utilizado.

A aprendizagem ao longo da vida, segundo se defende, é o próximo passo no desenvolvimento pessoal e aumenta o potencial dos modelos anteriores de aprendizagem baseada no trabalho e, no ensino centrado em experts reconhecendo o aluno como uma ”pessoa completa” - alguém que aprenderá através de experiências de trabalho, pessoais, lazer e familia.

Faz sentido utilizar um modelo contemporâneo de desenvolvimento de capacidades para que, quem exerce a formação profissional, possa desenvolver as suas competências necessárias para utilizarem o software social de forma eficaz para partilha de conhecimento, aprendizagem pessoal e dos seus alunos.




Uma abordagem doseada


A pesquisa Phase 1 Knowledge Sharing Service levada a cabo por Stuckey e Arkell (2006) realçou um ênfase cultural para um grupo de actividades de partilha de actividades que auxiliam quem exerce a formação profissional:

"…resolver novos e singulares problemas e aceder a conhecimento que poderá não ser possível codificar em documentos. As pessoas nem sempre estão a lidar com problemas 'comodistas', como truques e dicas técnicas, que podem ser facilmente ser acedidas através de um repositório. Muitos problemas são complexos e mal estruturados por natureza (p. 7)"

O estudo Phase 1 reconheceu o valor da integração de processos sociais em sistemas de gestão de conhecimento e identificou o software social como o veículo através do qual tal pode ser atingido. Desta forma as pessoas podem aceder à experiência de outros de uma forma afortunada/emergente que tira partido dos processos que obtêm alterações de conhecimento tácito para explícito.

Ambos os seguintes conceitos referem-se à partilha de conhecimento e demonstram o desenvolvimento do pensamento desde o estudo de Stuckey e Arkell:

  • inteligência de grupo - inicialmente concebida por Beni & Wang em 1989 popularizada por Popcorn e Hanft (2001) no seu Dictionary of the Future. Está agora a ser utilizada para descrever o comportamento das formigas e como a sua colaboração permite estratégias de resolução de problemas que podem ser sistematizadas para o melhoramento de tarefas humanas. Embora geralmente não exista uma estrutura de controlo centralizado que dita o comportamento individual dos agentes, as interacções locais entre tais agentes frequentemente levam à criação do comportamento global.

  • inteligência colectiva - a capacidade de uma comunidade humana evoluir para um pensamento de maior complexidade, resolução de problemas e integração através de colaboração e inovação.

Como parte do estudo Phase 1, dois ambiente críticos para a gestão de conhecimento foram descritos como:

  • uma cultura de conformidade - onde a instituição tem um controlo sobre o método e duração do compromisso; e igualmente

  • uma cultura permissiva - onde há suporte para iniciativas individuais, gerida por normas e não regras e criada a partir de um processo novo. (Veja a Figura 3)


Figura 3: O ênfase das novas ferramentas de software social (Stuckey e Arkell 2006)

Esta pesquisa Phase 2 reconhece esta dualidade e a importância de ambas as culturas co-existirem em organizações de formação profissional. Cada cultura serve uma função essencial. Stuckey e Arkell promovem uma aproximação doseada entre as duas culturas polarizadas para que atinjam uma partilha de conhecimento auto-suficiente.

Por um lado, as organizações precisam de fornecer conhecimento corporativo e por outro, têm que fornecer ambientes onde pensamento inovador e colaborativo possa acontecer. Este últimos ambientes são dependentes dos processos sociais que incentivam a iniciativa pessoal.




Resumo: equilíbrio e sustentação


Continuando as ideias da Phase 1 sobre uma “abordagem doseada para atingir uma partilha de conhecimento auto-suficiente”, tem que ser referido que os ambientes empresariais da formação profissional são “… dinâmicos, diversos e caracterizados por uma mudança constante…” (Staron et al 2006 p. 3). Funcionam na Era do Conhecimento e são dominados por trabalho de conhecimento.

"Esta forma de trabalho é não linear e não rotineira, mais intuitiva, oportunista e interligada e menos dirigida por obediências a caminhos críticos pré-planeados ou mentalidades e, então, menos inovadores. (Staron et al 2006 p. 3)"

As implicações são que o conceito de equilíbrio é um de contra-peso (i.e. equilíbrio funcional dinâmico) ou de homeostase (um processo de regulação interna constante em resposta a circunstâncias alteráveis). Esta pesquisa Phase 2 vê a obtenção de uma abordagem doseada como uma aventura permanente, em vez de um ponto alcançável.

Coloca este conceito num contexto de gestão alternada e utiliza a adopção e difusão da inovação para compreender como pode ser inicialmente vista uma ferramenta de software social como sendo herética e, tempos depois, integral, i.e. em relação à Figura 3 vão do canto inferior esquerdo (informal/orientadas individualmente) para o superior direito (formal/orientadas institucionalmente)




Este artigo é um excerto do relatório originalmente chamado "Networks, Connections and Community: Learning with Social Software”, escrito por Val Evans, em colaboração com Larraine J Larri. Foi reproduzido com a permissão do Australian Flexible Learning Framework.

Leia a Parte I: Software Social: O Que É E Como Afecta Indivíduos E Organizações

Leia a Parte II: Software Social E O Seu Contributo Para O Ensino E Aprendizagem



Sobre os autores

Val Evans é o presidente da Val Evans Consulting e investigador no campo do software social. O relatório foi escrito em colaboração com Larraine J Larri da Renshaw-Hitchen and Associates Pty Ltd.




Sobre o Australian Flexible Learning Framework

A estratégia de e-learning da formação nacional, o Australian Flexible Learning Framework (Framework), financia Redes para permitir aos professores e formadores de toda a Austrália partilhar conhecimento e sobre assuntos de e-learning prementes. O Networks Community Forum é um lugar onde profissionais de educação e formação podem-se reunir para aumentar o seu desenvolvimento profissional em relação à inttegração de tecnologia ne educação e formação. Registe-se aqui. ‘E-Trends’ é o tema do evento on-line de Junho, a ter lugar nos dias 19 e 20 de Junho. Este programa inclui cerca de 14 sessões assíncronas de aulas ao vivo e várias discussões assíncronas.



Créditos das Imagens

Olho: Petr Gnuskin

Val Evans - Livia Iacolare -
Reference: Australian Flexible Learning Framework [ leia mais ]
 
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