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4 June 2012

Peer-to-Peer: Governação, Produção E Propriedade - O P2P Como Forma De Vida - Parte 1

Os mercados podem estar a mudar de uma lógica de capitalismo puro (criando comodidades para troca para aumentar o capital), para lógicas onde a lógica de troca é incorporada na lógica de parcerias.

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Crédito da imagem: Maxim Malevich

Existe agora um espaço fervilhante de cooperação social, que alguns chamam de aventura de economia, nascendo da partilha de bens físicos.

Hoje a Internet oferece uma dinâmica social impressionante, baseada totalmente na participação voluntária na criação de bens comuns disponibilizados universalmente para todos.

Eu próprio, aqui na Master New Media, baseio o meu negócio e modelos de sustentação actuais na livre partilha de informação e conteúdos de alto valor (na forma de artigos, análises e vídeos) que publico aberta e gratuitamente on-line.

A produção, governo e propriedade peer to peer são mais produtivas económica e politicamente e em termos de distribuição, ao invés das suas alternativas governamentais e lucrativas, uma vez que filtram todas as formas menos produtivas de motivação e cooperação e mantêm apenas a produção motivada e a motivação intrínseca.

As plataformas de partilha de media social que vê a surgirem por todo o lado sobrevivem através da venda da atenção dos seus leitores, NÃO o valor de uso que você criou.

"A compreensão que os funcionários actuais não mudam apenas de emprego mas também de emprego para não-emprego e que isso, na realidade, é mais útil e significativo para eles (e para o mercado e sociedade) não são os empregos pagos para o mercado, mas os episódios de produção motivada."

Estão as formas de produção peer to peer não recíprocas a tornar-se dominantes? Irão os modos de produção peer to peer informados encontrar o seu caminho nas condições económicas de procura? São os modelos peer to peer uma opção?

Michel Bauwens apresenta aqui alguns conceitos basilares da governação, produção e propriedade peer to peer, analisando os seus detalhes e características.

A governação peer to peer, se apoiada por novas regulamentações socioeconómicas, incluindo um subsídio universal para todos, poderá ser o meio pelo qual os indivíduos se poderão governar a si mesmos, enquanto continuam a perseguir os seus melhores interesses e paixões.

Introdução por Robin Good

 

P2P e os Bens Comuns - Introdução geral

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Crédito da imagem: Hightech.Blogosfere

Processos sociais peer to peer são processos transversais onde agentes de uma rede distribuída podem participar livremente em buscas comuns, sem coacções externas.

É importante compreender que sistemas distribuídos diferem de sistemas descentralizados, essencialmente porque no segundo os hubs são obrigatórios, enquanto que nos primeiros eles são o resultado de escolhas voluntárias.

Redes distribuídas têm limitações, coacções internas, que são as condições para que o grupo funcione e podem ser incluídas na infra-estrutura técnica, nas normas sociais ou regras legais.

Apesar destas particularidades, temos uma dinâmica social impressionante, baseada tanto na participação voluntária na criação de bens comuns, que são disponibilizados universalmente para todos.

Os processos peer to peer estão a surgir em praticamente todos os aspectos da vida social, e foram documentados extensivamente nas mais de 5000 páginas de documentação na Foundation for Peer to Peer Alternatives e em muitos outros locais na Web.
Os processos sociais P2P geram mais precisamente:

  1. produção peer: quando um grupo de peers decide participar na produção de um recurso comum

  2. governação peer: a forma que escolhem para serem governados enquanto participam em tal objectivo

  3. propriedade peer: a estrutura institucional e legal que escolhem para salvaguardar a apropriação privada deste trabalho comum; geralmente toma a forma de tipos de propriedade comum universais não excluidoras, como definido na General Public License, algumas formas das licenças Creative Commons ou variantes similares

Estas novas formas de propriedade têm pelo menos três características:

  1. estão direccionadas contra a apropriação privada do valor comum criado

  2. estão direccionadas para a criação da utilização mais abrangente possível, isto é, são regimes de propriedade comum universal

  3. mantêm a soberania com o indivíduo

O terceiro aspecto é porque é que a propriedade peer difere fundamentalmente da propriedade privada e da propriedade colectiva.

A propriedade privada é individual mas excluidora, diz, o que é meu não é teu.

Mas o Estado, que é propriedade colectiva, é também ele excluidor, mas noutro sentido: diz, é nosso, mas significa que você já não tem a soberania. É nosso, regulado por uma burocracia ou democracia representativa, mas não é realmente seu.

O colectivo sobrepôs-se ao indivíduo, e com frequência, envolve a coerção.

Mas a General Public License, ou as licenças Creative Commons são diferentes.

A propriedade comum não é propriedade colectiva.

Utilizando-as, o indivíduo obtém a atribuição, isto é, o reconhecimento da sua propriedade pessoal. Está a partilhar livremente a sua autoridade com outros.

Isto é particularmente claro nos esquemas de licenciamento Creative Commons, onde o indivíduo tem um grande conjunto de opções de partilha. Você continua com controlo total, isto é, "soberano", e não existe coerção.

É importante notar que a produção peer é uma forma de troca não "generalizada", não recíproca. Não é uma economia de ofertas, baseada em trocas directas ou obrigações. Assim a produção peer não é para ser imitada pela produção cooperativa para o mercado: a participação tem que ser voluntária, não existe recompensa directa (mas muitas recompensas indirectas) na forma de compensação monetária.

O próprio processo é participativo.

E o resultado é igualmente livre, no sentido em que qualquer pessoa pode aceder e utilizar o recurso comum. Na realidade, a maioria dos projectos de produção estão interligados com um núcleo mais pequeno de pessoas que podem ser pagas, e utilizam as finanças para criar uma infra-estrutura para que a produção peer possa acontecer.

As condições para a produção peer surgir são essencialmente: abundância e distribuição.

A abundância refere-se à abundância de intelecto ou excesso de criatividade, à capacidade de possuir meios de produção com capacidades de excesso semelhantes. A distribuição é a acessibilidade de tais recursos abundantes em implementações detalhadas, Yochai Benkler chamou de modularidade ou granularidade. De novo poderíamos falar sobre a distribuição de intelecto, da infra-estrutura de produção, de capital financeiro.

É importante distinguir as duas esferas.

Numa esfera, a nossa cooperação digital, a reprodução de bens de conhecimento não rivais, tais como software, conteúdo, designs abertos, ocorrem em custos marginais, e não só não há perdas em partilhar, mas até há um ganho, através de efeitos de rede.

Tal cooperação livre pode apenas ser prejudicada 'artificialmente' tanto através de meios legais (regimes de propriedade intelectual) ou através de restrições técnicas tais como Digital Rights Management, que basicamente prejudicam a inovação social que pode acontecer. Nesta esfera, o modo não recíproco de produção torna-se dominante, pois os recursos não são rivais, e você não está a perder, mas a ganhar, ao dar.

Na esfera de produção material, onde os custos de produção são mais elevados, e temos bens rivais, ainda necessitamos de regimes de troca, ou regimes de reciprocidade. Note que numa esfera de abundância virtual, onde a cópia é trivial, não existe tensão entre a procura e oferta, logo não existe mercado.

A produção peer, embora incluída na economia política actual e essencial para a sobrevivência das formas de capitalismo cognitivo, é então essencialmente pós-capitalista. Essencialmente porque está longe da dependência de ordenado, fora do controlo de uma hierarquia empresarial, e não reúne recursos de acordo com quaisquer mecanismos de preços ou de mercado.

A governação peer é pós-democrática porque é uma forma de governação que não depende da representação, mas onde os participantes decidem directamente em conjunto; e porque não está limitada ao campo político e pode ser utilizada em qualquer campo social. A governação peer é não representativa, e isto é essencial porque o que a comunicação em rede nos permite é a coordenação global de pequenos grupos e, por conseguinte, a lógica peer to peer de pequenos grupos pode operar a um nível global.

Hierarquias, o mercado e até a democracia representativa são todos meios para reunir recursos escassos, e não se aplicam no contexto onde recursos abundantes são recolhidos directamente através dos processos sociais de cooperação. No entanto, a lógica pura de peer to peer apenas funciona na esfera da abundância, que terá sempre que se inserir nas formas que são responsáveis pela recolha de recursos na esfera de escassez material.

Liderança baseada em governação peer parece uma combinação de liderança por convite, isto é, a capacidade de inspirar cooperação voluntária e uma arbitragem posterior baseada no capital de reputação até então obtido. No entanto, o próprio processo de produção é uma propriedade cada vez mais importante das redes que cooperam.

A propriedade peer é uma forma de propriedade pós capitalista porque é não excluidora e cria uma semelhança com os custos marginais de reprodução.

Existem duas formas mais importantes de propriedade peer.

Uma é baseada na partilha individual de expressão criativa e é dominada pela opção Creative Commons que permite ao indivíduo determinar o nível de partilha.

A outra é aplicada à produção peer baseada em bens comuns e toma a forma da General Public License ou seus derivados ou alternativas e exige que qualquer alteração ao bem comum também pertença ao bem comum.




2. As Condições para a Expansão de Produção Peer


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Crédito da imagem: Jenny Solomon

A produção peer ocorre naturalmente na esfera da produção imaterial. Nesta esfera, o acesso a recursos distribuídos é relativamente fácil.

Grandes segmentos da população dos países de Oeste são educadas e podem ter um computador à sua disposição. E os custos de reprodução são marginais.

A expansão de produção peer é dependente de condições culturais/legais. Requer;

  • material cultural aberto e livre para utilizar;

  • estruturas participativas para o processar;

  • e formas de propriedade baseadas em pontos comuns para proteger os resultados de apropriação privada.

Assim, a criação do bem comum obtido (o conceito é de Nick Dyer-Whiteford), através do qual a produção peer se expande viralmente.

No entanto, a produção peer não está limitada à esfera da produção imaterial.

Recursos físicos podem ser partilhados, se estiverem disponíveis num formato distribuído.

Por exemplo: computadores e os seus ficheiros e poder de processamento. Carros podem ser recolhidos. Dinheiro pode ser recolhido como nas trocas financeiras P2P tais como Zopa ou Prosper. Os fabricantes de computadores pessoais e portáteis podem baixar a participação, criando mais modularidade e granularidade em campos mais novos. Na realidade, podemos observar que a mesma tendência para a miniaturização, que levou ao computador em rede, está a tomar o lugar das máquinas físicas. Emparelhado com a crise energética e a diminuição da base de recursos naturais, isto irá levar, nas próximas décadas a um novo equilíbrio que favorece a produção localizada.

Para processos onde a produção física exige acesso a capital financeiro centralizado, por exemplo a produção de carros, é totalmente concebível dividir a fase de design imaterial do espaço de produção físico.Isto já está a ser aplicado por entidades com fins lucrativos. Innocentive é um dos primeiros exemplos. Na verdade, em referência ao anterior, é totalmente possível conceber o crescimento de uma combinação de comunidades de design aberto globais e locais, com um capitalismo incluído em termos de produção física.

Finalmente, a relação entre objectos físicos, espaço lógico e identificadores físicos pode ter mudado, para promover as abordagens baseadas em bens comuns. A experiência das bicicletas brancas em Amesterdão falhou porque a falta de bens físicos, as bicicletas, não podia ser controlado e protegido. Mas bicicletas comuns podem ser geridas através de RFID.

Na verdade, existe agora um espaço fervilhante de cooperação social, que alguns chamam de aventura de economia, nascendo da partilha de bens físicos.

Tal expansão não é só uma extensão natural da evolução técnica, mas tem impeditivos estruturais e assim, políticos. Os formatos de capital centralizado dos anti-mercados neoliberais contemporâneos obviamente impedem tal expansão. Mas mesmo com tais limitações, o espaço para a expansão de produção peer são significantes.

De novo, faremos a mesma analogia. Na esfera imaterial, a produção peer não recíproca provavelmente será dominante. No campo da escassez, veremos a ascensão de modos de produção de peer informados.

Isto significa que os mercados podem estar a mudar de uma lógica de capitalismo puro (criando comodidades para troca para aumentar o capital), para lógicas onde a lógica de troca é incorporada na lógica de parcerias.

Pense em comércio justo (um mercado sujeito a arbitragem peer), negócios sociais (lucros utilizados para atingir objectivos sociais), a base da pirâmide de capitalismo inclusivo e a maioria dos movimentos político-sociais que têm o objectivo de separar as formas de mercado, da lógica de crescimento infinito do capitalismo, tal como o movimento de capitalismo natural dos EUA.




3. Adaptação do Capitalismo Cognitivo para Peer to Peer


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Crédito da imagem: Vacuum3d

A produção, governo e propriedade peer são mais produtivas economicamente, politicamente e em termos de distribuição, ao invés das suas alternativas governamentais e lucrativas, porque filtram todas as formas menos produtivas de motivação e cooperação e mantêm apenas a produção motivada e a motivação intrínseca.

Na maior parte dos casos, a distribuição vence a descentralização como a melhor forma de lidar com a complexidade. Em muitos casos, os sistemas distribuídos irão adaptar funcionalidades centralizadas e descentralizadas que tornarão a participação mais eficiente.

Isto cria a lei de competição assimétrica, que diz que qualquer entidade com fins lucrativos, utilizando formatos proprietários fechados e sem participação, tende a perder para instituições de beneficência que conseguem criar comunidades.

Pense no Explorer vs. Firefox. Como corolário, qualquer entidade com fins lucrativos (e qualquer nação nas suas políticas públicas), que adapta elementos abertos/livres, participativos e bens comuns (tal como as empresas de open source), também terão vantagens fundamentais. Isto assegura a adopção social de lógicas peer to peer no centro da nossa economia.

Até agora, as provas empíricas sugerem três formas de adopção emergentes entre a esfera de cooperação peer to peer e os campos de mercado e institucionais.

  • A esfera de partilha individual, pense no Youtube, onde quem partilha tem ligações relativamente fracas em relação aos outros, cria o modelo de negócios da Web 2.0. Neste modelo, uma economia ética de partilha, coexiste com plataformas proprietárias que possibilitam tal partilha, em troca da venda da atenção reunida.
  • A esfera da produção peer orientada para bens comuns, baseada em ligações mais fortes entre aqueles que cooperam, pense no Linux ou Wikipedia, geralmente combina uma comunidade auto governada, com instituições de beneficência (Apache Foundation, Wikimedia Foundation, etc…), que gere a infra-estrutura de colaboração, e uma ecologia de negócios que cria escassez nos bens comuns, e por sua vez suporta os bens comuns a partir dos quais deriva o seu valor.

  • Finalmente, o crowdsourcing ocorre quando são as próprias instituições que tentam criar uma estrutura, onde a participação pode ser integrada na sua corrente de valores e isso pode ter muitas formas diferentes. Este é geralmente o campo da co-criação.

Devemos notar que o valor monetário que está a ser realizado pelos participantes mais importantes, é - em muitos se não na maioria dos casos, diferente do nível do valor criado pelos processos de inovação social.

Os utilizadores - produtores - participantes estão a criar valor de uso directo, vídeos no YouTube, conhecimento e software no caso de projectos orientados para bens comuns. Este valor de uso é colocado num fundo comum, de livre utilização e, assim, não consiste de produtos escassos para os quais o preço pode ser imposto.

As plataformas de partilha vivem da venda da atenção derivada que foi criada, NÃO do próprio valor de uso. No modelo de bens comuns, os mais abundantes podem também não ser directamente vendidos, sem a criação de "escassezes" adicionais.

O que significa tudo isto para a esfera de mercado?

É agora possível criar todos os tipos de valor de uso com, ou sem uma muito pequena, intervenção de capital.

a) Estamos a lidar com modos pós-monetários, pós-capitalistas de criação de valor e partilha, que são ambos imanentes, isto é, incluídos ao mercado, mas também transcendem para ele, ou seja, funcionando fora dos seus limites.

b) O capital é cada vez mais dependente, e lucra de muitas formas, das externalidades positivas de tal inovação social.

c) Os modelos de produção completa, parciais ou híbridos que discutimos antes podem ser sustentáveis colectivamente como processos de criação de valor, mas não oferecem uma solução directa para o rendimento e sobrevivência dos participantes.

Então o desafio pode ser descrito da seguinte forma:

  1. temos um processo de inovação social que cria em grande parte valor não monetário para os participantes;
  2. poderemos ter uma diferença cada vez maior entre a possibilidade de criar valor monetário posterior e os valores de troca derivados que são realizados por negócio;

  3. os participantes de tão entusiástica produção e inovação, em grande parte não conseguem encontrar em tais processos uma resposta para a sua própria sustentabilidade.

Daí, a impossibilidade de realizar mais do que apenas um parcial valor monetário, do ponto de vista da maioria dos participantes comerciais. Precariedade crescente para os participantes da inovação social. Por outras palavras, o modelo de mercado actual não parece ainda ter um processo de redistribuição reverso para o valor que está a ser criado.

Esta poderá ser, claro, uma crise temporária, mas não acredito nisso.

A razão é que o mercado pode apenas indirecta e parcialmente oferecer compensação monetária para processos que não são motivados por tal compensação. Assim, o que precisamos é de processos redistributivos mais abrangentes que permitam que a sociedade e o mercado devolvam parte do valor que está a ser criado.

Uma possibilidade é o continuo desenvolvimento de medidas de mercado de trabalho transacional (proteja o trabalhador, não o trabalho), que reconheçam a flexibilidade e mobilidade das carreiras actuais. Mas isto precisa de uma importante adição: a compreensão que os funcionários actuais não mudam apenas de emprego mas também de emprego para não-emprego e que isso, na realidade, é mais útil e significativo para eles (e para o mercado e sociedade) não são os empregos pagos para o mercado, mas os episódios de produção motivada.

Parece-me, assim, que uma medida mais geral, não ligada ao trabalho, mas concebida como um pagamento para, e criador de, inovação social, é necessária. O nome dessa medida geral é muito provavelmente alguma forma de rendimento básico.




4. As Condições para a Expansão de Governação Peer


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Crédito da imagem: Maxim Malevich

Funções de governação peer porque a produção peer é a coordenação em grande escala de um grande número de equipas de micro produção.

Entre as equipas, a tomada de decisões é participativa e consensual, pois a coordenação global é voluntariamente aceite e hoje tecnicamente possível. Pequenas tribos, as vitimas das hierarquias civilizacionais, são revitalizadas no novo formato de colectividades cibernéticas baseadas em afinidades.

Positivamente, a governação peer expande a esfera da autonomia em cooperação para todos os campos sociais. A sua promessa é que a produção torna-se num processo não hierárquico. Mas como disse antes, a governação peer é 'pós-democrática' porque não é representativa.

A limitação negativa é a seguinte: a governação peer exige o consenso antecipado sobre o objecto comum. Mas a sociedade como um todo não tem tal consenso por definição: é uma colecção descentralizada de interesses e vistas do mundo concorrentes, em vez de uma rede distribuída de agentes livres. Agora, para a maioria da sociedade, não existe alternativa para o cenário político democrático revitalizado baseado na representação.

No entanto, tal como o mercado se pode inspirar e ser reformado pelo P2P ou princípios baseados em parcerias (tal como no comércio justo que é sujeito a arbitragem peer), também poderemos ter formatos peer de governação global com múltiplos accionistas. E em todo o caso, a esfera de autonomia, isto é, pura governação, pode crescer substancialmente mesmo dentro das estruturas de governo democrático.

Fim da Parte 1

Parte 2: Peer-to-Peer: Governação, Democracia E Visão Económica: P2P Como Forma De Vida




Originalmente escrito por Michel Bauwens e publicado pela Master New Media como "Peer-to-Peer Governance, Production And Property: P2P As A Way Of Living - Part 1"




Sobre o autor

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Michel Bauwens (1958) é um filósofo integral belga e teólogo de Peer-to-Peer. Trabalhou como consultor de Internet, analista de informação para a United States Information Agency, gestor de informação para a British Petroleum (onde criou um dos primeiros centros de informação virtuais) e é antigo chefe de redacção da primeira revista de convergência digital europeia, a holandesa Wave. Com Frank Theys, é o co-autor de um documentário de 3 horas TechnoCalyps, um exame sobre a 'metafísica da tecnologia'. Ensinou e editou duas antologias em língua francesa sobre a Antropologia da Sociedade Digital.

Embora seja estudante da teoria integral de Ken Wilber há muitos anos, tornou-se recentemente crítico do aspecto do movimento Wilber-Beck, e é uma poderosa voz para uma sociedade integral sem autoridade baseada em peer-to-peer.

Michel é o autor de muitos ensaios on-line, incluindo a importante tese Peer to Peer and Human Evolution, e é editor da P2P News

Vive agora em Chiang Mai, Thailand, onde criou a Foundation for P2P Alternatives e mantém um blogue.

Leccionou cursos sobre a antropologia da sociedade digital a alunos de pós graduação no ICHEC/St. Louis em Bruxelas, Bélgica e cursos relacionados na Payap University e Chiang Mai University na Tailândia.

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