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4 June 2012
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    Twitter E A Web Em Tempo Real: Uma Mudança Fundamental Na Forma Como Nos Comunicamos - Entrevista Com George Siemens

    São o Twitter e a web em tempo real uma mudança fundamental na forma como nos comunicamos? Ou seria a web em tempo real apenas uma moda passageira?

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    Crédito da foto: Chris Lamphear

    Embora todos concordem que a web tenha simplificado a forma como você e eu consumimos informação, agora o problema é como lidar com a enorme quantidade de conteúdo que é produzido.

    Apenas algumas décadas atrás, os jornais matutinos, os noticiários da TV e um par de telefonemas com seus amigos seriam suficientes para mantê-lo atualizado sobre os assuntos de seu interesse. No entanto, agora a web criou novos cenários para derrubar as barreiras da proximidade física.

    Pessoas do mundo todo estão formando um exército de produtores de conteúdo que enviam vídeos para o YouTube, recursos interessantes via tweets e relatam todo o tipo de coisa de forma instantânea, do jeito que acontece.

    Embora seja algo espetacular receber notícias de uma forma que a velha mídia nunca poderia fazer, as informações expressas também tendem a ser menos precisas. A notícia é freqüentemente cuspida sem se importar com as fontes originais e acaba sendo apenas um burburinho inútil.

    Mas, então, o que é a web em tempo real? É uma revolução ou apenas uma involução?

    Para descobrir isso, eu perguntei ao meu bom amigo e pesquisador de aprendizagem George Siemens para compartilhar sua experiência pessoal no Twitter e em ferramentas em tempo real.

    Aqui está o que George disse:

     

     

    Uma Mudança Fundamental Na Forma Como Nos Comunicamos: Twitter E A Web Em Tempo Real - Entrevista Com George Siemens


    Duração: 7' 05''



    Transcrição Completa Do Texto Em Inglês



    George Siemens: a minha experiência com a web em tempo real, pelo menos, é a de uma grande mudança conceitual. Mas, isso não é nenhuma novidade por si só.

    Quando eu comecei a blogar, por exemplo, a primeira coisa que mudou para mim foi a noção de jornal. O conceito desafiou a noção que eu tinha de ir buscar as minhas informações em um determinado momento do dia, em um determinado formato. Já não tenho de esperar até as seis horas da tarde para ver o programa de notícias para me contar o que aconteceu durante o dia. Já não tenho que esperar pelo meu jornal da manhã para ouvir o que aconteceu na eleição presidencial E.U..

    Agora, as últimas muitas eleições nos ensinaram que apenas por seguir blogs e uma sequência de conversas on-line, posso ter uma noção muito boa do que está acontecendo quase em tempo real. E isso tem feito com que até os jornais tenham começado a usar os blogs como forma de compartilhar suas notícias. Mesmo sites como iReporter CNN... começaram a incorporar os comentários que são compartilhados com os seus leitores.

    Normalmente, estes indivíduos seriam apenas leitores e consumidores das informações. Agora, eles passaram a ser participantes. O Twitter, o Jaiku, o FriendFeed e outras ferramentas mudaram esse conceito novamente .

    Li recentemente que os maiores acontecimentos deste ano, até agora, foram transmitidos pela primeira vez no Twitter. E não através dos canais tradicionais de mídia. Essa experiência faz perfeito sentido para mim quando me lembro do acidente de avião no rio Hudson, em Nova York, no início deste ano.

    Em questão de um minuto ou pouco mais que isso, havia uma imagem de alguém que, basicamente, sentado em seu apartamento ... observando pela janela ... obviamente completamente assustado ao ver o avião caindo no rio... Pegou, eu acho, um telefone celular, fez uma foto rápida e postou no Twitpic... Tudo muito rápido. Antes de o avião estar ainda no rio, alguém já dizia: "Isto é o que está acontecendo". Fui correndo para o Twitter e comecei a seguir a conversa inicial, exclusivamente ali. O motivo: ninguém mais estava cobrindo a notícia.

    O segundo incidente, muito mais trágico foi com o vôo da Air France que caiu, ou desapareceram eu acho, há algum tempo.

    Eu estava sentado em um aeroporto em Winnipeg e via o Twitterrific no meu iPhone... Eu estava apenas passando pelas páginas e ... li primeiro anúncio que dizia: "Avião Air France... Desaparecido"... e assim, comecei a entrar imediatamente nos sites de minha confiança: CBC News, CNN... e nada. Não havia nada nesses canais sobre o acidente ainda. Continuei a seguir o feed no Twitterrific ... alguém tinha, naturalmente, já atribuído uma tag para o caso do voo... e alguém disse: "Visite este site para ver as notícias mais atuais"... Comecei a seguir todo o incidente por cerca de meia hora antes de decolar.

    Foi só quando cheguei a Toronto, duas horas depois, que consegui fazer logon em um computador e, em seguida, verifiquei online o que estava acontecendo. Havia pouca informação em alguns dos principais sites de notícias. No entanto, foi interessante o fato que... não havia nada que eu já não soubesse nesses sites de notícias.

    Se eu sou alguém que tem um enorme interesse, obviamente, no que está acontecendo e no desdobramento do incidente, o Twitter acaba sendo uma ferramenta muito superior de compartilhamento livre de informação que estes sites mais estruturados. Mas isso é em relação a um evento significativo, como os de natureza catastrófica. Essa não é a única razão pela qual se usa uma ferramenta como o Twitter.

    Eu uso o Twitter com bastante frequência apenas para o compartilhamento de informações. Vejo um link que eu gosto... E não quero escrever um post blog sobre isso. Quero apenas dizer: "Ei, isso é interessante", e assim, posso compartilhá-lo rapidamente com as pessoas que fazem parte da minha rede. Se gostarem, ótimo. Se não gostarem, não há problema.

    Eu acho que é o imediatismo do Twitter, mas também uma das características únicas do Twitter é ... Uma das coisas que nunca os blogs me permitiram fazer foi conhecer as pessoas. Você até pode conhecê-las um pouco através de suas ideias, mas só as conhecerá intelectualmente ou através de suas emoções. Eles podem até dizer: "Isso não é legal mesmo, ... não gosto... enfim...". No Twitter, posso conhecê-las através da sua vida. O que quero dizer é que isto transformou o bate-papo na pausa para o café. O cara que dizia: "eu comi pãozinho... muito bom ... adoro café expresso... vi este filme ontem à noite, foi...", ou seja, peças de informação muito insignificantes para se compartilhar em um blog, mas extremamente pessoais, agora me ajudam a formar uma relação próxima com um ser humano.

    É um efeito gerado em um curto período de tempo, um sentimento de coesão social que nunca tive em sete/oito anos de blogagem.

    E agora o encontrei em menos de um ano no Twitter, onde conheço pessoas que sigo muito melhor, porque sei o que gostam e o que não gostam. Antes, só conhecia os seus pensamentos.

    Agora, eu as conheço como pessoa, que tem uma personalidade. Essa tem sido uma mudança significativa também. De modo inverso ...

    Isto foi o que descobri ao menos para mim, foi reconhecer que o Twitter emula o fluxo de informação, o que ele significa de fato...

    Tenho alguns blogs que leio regularmente ... e visito o site ... ou os leio através do meu leitor de blogs... Gosto de seguir o que está acontecendo ... o que significa poder acompanhar o desenvolvimento do pensamento de uma pessoa, de forma consistente.

    Eu jamais perderia um post no blog de certos blogueiros proeminentes ... Gosto do seu trabalho, o do Stephen Downes, do D'Arcy Norman, Brian Lamb, Alec Couros, da Janet Cleary que está com a Brandon Hall ... eu sigo essas pessoas e sempre sei quando eles postam.

    Com o Twitter você ganha um sentido real de como é esse enorme fluxo de informações. Já disse antes que não me importo em seguir apenas um por cento do que acontece no Twitter.

    Eu não posso seguir o Twitter do jeito que sigo um blog. O Twitter é uma amostra.

    Quando estou no Twitter e leio os últimos acontecimentos... vou em frente. Não dá para controlar o que todo mundo fez, porque há muito a ser partilhado.

    Acho que o Twitter é uma mudança conceitual importante para mim e eu tive de reconhecer que não posso acompanhá-lo. Tive de estar em paz comigo mesmo para seguir somente um por cento do que acontece, e reconhecer que tudo bem... e mesmo que este um por cento seja importante para mim, simplesmente não tenho tempo de acompanhar toda a extensão do mesmo.

    Portanto, para a sua pergunta: "Mas, afinal, o que é a web em tempo real? É apenas um modismo? É algo...?"

    Minha resposta seria: o Twitter pode ser uma moda passageira. Pode ir e vir da mesma forma que muitos outros instrumentos, no entanto:

    • A noção de ser capaz de conectar-se socialmente, de forma consistente,
    • A capacidade de conectar-se informalmente, sem ser apenas uma parte da minha rotina de trabalho, ou de ter lido um post de blog para discutir tal assunto,

    creio eu, é muito mais do que uma moda passageira.

    Eu acho que:

    • as informações em tempo real,
    • a consciência do que está acontecendo em tempo real,
    • A estreita conexão com amigos e família através de uma ferramenta como o Twitter...

    ... na minha opinião, é uma mudança fundamental na forma como nos comunicamos.




    Sobre George Siemens

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    George Siemensé sócio-diretor do Centro de Aprendizado Tecnológico da Universidade de Manitoba. Ele bloga no www.elearnspace.org, onde compartilha sua visão sobre o cenário educacional e o impacto que as tecnologias das mídias tem no sistema educacional. Também é o autor de Connectivism: A Learning Theory for the Digital Age e de "Knowing Knowledge", onde desenvolve uma teoria de aprendizado chamada conectivismo, que usa uma rede como metáfora central para o aprendizado e se concentra no conhecimento como meio de estabelecer conexões.

    George Siemens -
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