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4 June 2012
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    Adeus PDF: A Próxima Revolução Nos E-Books - Uma Entrevista Com Antonio Tombolini

    A próxima revolução dos e-books está a chegar.

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    Um dos novos leitores de e-books portáteis de e-ink

    Depois de 15 anos a associar a palavra e-book como um tipo de conteúdo em PDF concebido e empacotado para entrega comercial via Web (muitas vezes produzidos com pouca qualidade e de pouco valor), fui atingido pela fascinante perspectiva do italiano Antonio Tombolini, um empreendedor on-line, que depois de uns projectos de sucesso na Web italiana, focou agora os seus esforços em aproveitar as novas oportunidades criadas pela chegada de uma nova geração de leitores de e-books portáteis.

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    Editor entusiasta de e-books italianos Antonio Tombolini

    Sob a marca Simplicissimus, o Sr. Tombolini, que é também um bloguer com muitos seguidores e um consultor de marketing na Internet bastante respeitado, tomou como objectivo principal de negócio a criação de uma empresa de edição digital, que tira partido do novo poder que uma nova linha de "leitores electrónicos" de e-books está a trazer.

    Caracterizado pelo uso da tecnologia e-ink, esta nova linha de dispositivos portáteis suporta determinadas funcionalidades e características que tornam estes aparelhos em verdadeiros dispositivos de leitura electrónica e não em computadores portáteis com um ecrã especial.

    Alguns dos detalhes que caracterizam esta nova geração de e-books são, de facto, revolucionários. Deixem-me só realçar quatro das particularidades mais importantes que tornam estes novos leitores de e-books tão especiais e interessantes, tanto para os potenciais autores e escritores, tanto para quem quiser acesso a informação em formato de texto em qualquer lugar.

    a) Os ecrãs e-ink podem ser lidos ao Sol tal como um jornal. Na escuridão, basta uma pequena luz USB para tornar o ecrã legível como se fosse dia.

    b) Quando usa estes novos dispositivos e e-book, o aparelho está realmente "desligado", não consumindo energia.
    Como consequência, as pilhas duram imenso tempo e o aparelho de e-books não faz barulho ou aquece enquanto é usado.

    c) Estes novos leitores ligam-se é Internet, têm WiFi, portas USB e Ethernet , podem fazer descarregar e enviar virtualmente qualquer ficheiro e têm uma grande capacidade de memória, permitindo o armazenamento de centenas de e-books no leitor portátil.
    d) Os textos dos e-books podem ser comentados, sublinhados, anotados através da interacção de uma caneta digital. Pode também preencher formulário, responder a questionários assim como tomar notas e guarda-las juntas com o texto que está a ler.

    Humildemente, Antonio Tombolini aponta que escolher esta oportunidade tecnológica como o seu próximo projecto não é devido à sua visão vanguardista e que fora da Itália há empresas que já seguem esta via há algum tempo. Ele aponta como exemplo empresas como a Sony, Philips ou Amazon, mas por agora, em Itália, ele é o único que aposta fortemente neste domínio.

    Nesta entrevista que me concedeu, vou tentar descobrir tudo o que há para saber sobre a nova revolução no campo dos e-books e onde podem estar as oportunidades tanto para utilizadores e entusiastas.

    (Embora o vídeo da entrevista original esteja em italiano, eu forneço uma transcrição total em Português logo abaixo de cada vídeo).

    Aprecie.

     

    Apresentação

    Robin Good: Antonio, por favor, apresente-se.

    Antonio Tombolini: Chamo-me Antonio Tombolini, tenho 47 anos e vivo em Loreto, uma pequena cidade de Marche que está localizada no mar Adriático. Trabalho há mais de 10 anos "com" e "na" Internet. Até 1997 era empresário numa empresa comercial. Desde então desisti do que toda a gente chama de "carreira” para trabalhar na Internet e centrar-me principalmente em Web marketing e no comércio electrónico.

    Robin Good: O que faz na Internet?

    Antonio Tombolini: De momento tenho duas principais áreas de interesse para os meus negócios baseados na Internet. A primeira é a gestão da estratégia de marketing na Web para uma empresa chamada San Lorenzo, que vende produtos alimentares italianos de qualidade e vinho na Web.

    A outra é um início, um negócio que está a nascer neste momento; é uma editora chamada Simplicissimus Book Farm... criámos esta empresa há poucos meses e começámos a trabalhar em Março. A característica particular desta editora é que irá apenas publicar e-books, "livros em formato electrónico".



    O que é um e-book?

    Robin Good: O que é um e-book? É hardware ou software?

    Antonio Tombolini: Se quisermos usar terminologia exacta, é "software", tal como um livro é... porque um livro, para além do meio que usa para o ler, é o conteúdo...

    Um e-book é, nada mais nada menos, do que um livro normal que muda de meio... é, portanto, um livro que é produzido sem ser publicado em papel e é um livro que tem que ser lido por meios electrónicos.

    Os dispositivos electrónicos que permitem a leitura de e-books até agora nunca foram muito confortáveis; a leitura de livros grandes no computador ou em dispositivos portáteis tem vários problemas a considerar: radiação, as dificuldades, o cansaço dos olhos e o facto de que é impossível usar estes aparelhos para ler fora de portas, em espaços abertos, porque a luz do Sol dificulta a leitura.


    A tecnologia e-ink explicada - clique para aumentar

    Para fazer face a estes problemas, há cerca de uma ano e meio, começaram novas pesquisas e novas patentes foram registadas sobre a tecnologia e-ink (tinta electrónica) que altera a tecnologia LCD tradicional que, em vez de desligar algumas luzes para possibilitar a leitura no ecrã, desliga tudo e, como se fosse papel tradicional através de uma substância química especial, patenteada, activada electricamente, imprime pontos nessa superfície. O resultado é esta nova tecnologia de impressão de tinta electrónica e papel.

    O que está a ver agora é o primeiro leitor de e-books que apareceu no mercado mundial. Está a ser lançado na Europa e chama-se iLiad.

    iliad.jpg

    É um produto da Philips Group que se dedicou ao desenvolvimento desta tecnologia. A particularidade desta tecnologia é a seguinte: você pode ler mesmo com o monitor desligado - sem bateria - ... e os olhos do leitor não recebem radiação de nenhum tipo (em contraste com a tecnologia actual) e quanto mais luz houver, melhor consegue ler o que está no ecrã.

    Depois de ler uma página, o computador liga-se apenas quando tem que mostrar uma nova página; ao folhear as páginas, as micro cápsulas de tinta electrónica são activadas e as absolutamente necessárias tornam-se pontos negros. Os pontos são impressos na superfície-tipo-papel e tudo se desliga automaticamente de novo.




    Qual é o aspecto de um e-book?

    Robin Good: Por favor mostre-nos como é um leitor de e-books e quais são as suas características.

    Antonio Tombolini: Claro. Aqui está...

    O iLiad tem poucos controlos de hardware, tendo estes quatro botões básicos que permitem ao utilizador aceder a quatro directorias: notícias, livros, documentos e notas.

    Na secção de notas você pode tirar notas imediatamente; na área de documentos pode armazenar documentos de vários formatos, de HTML a txt e PDF.

    Depois há a área de Livros e o "Directório de Notícias" que representa um aspecto importante que ainda não foi bem implementado e no qual ainda estão a fazer uns teste muito interessantes à aplicação. Não esquecer o facto que este dispositivo portátil é baseado em Linux e a plataforma é muito aberta... existe, por isso, uma comunidade de programadores a trabalhar nela.

    Uma das coisas que estamos a trabalhar agora é na possibilidade de adquirir feeds RSS através da ligação WiFi - em relação aos formatos nós decidiremos utilizar e mostrar num formato optimizado para o iLiad.

    Os outros botões são botões de navegação e são muito intuitivos. Ao clicar no primeiro, o utilizador pode subir um nível; o segundo permite-lhe regressar ao menu principal. Depois temos as setas de direcção e o botão de selecção.


    iLiad revelado na CeBIT2007 - fonte: YouTube Charbax

    Robin Good: E para que serve essa barra grande?

    Antonio Tombolini: Esta é a barra de "virar páginas". É uma tecnologia que tenta simular o acto de navegação de uma página quando lemos um livro em papel.

    Adicionalmente, este botão aqui permite ao utilizador ligar-se à Internet. O iLiad pode ligar-se à Internet por ligação WiFi e também por Ethernet. Há um adaptador que com um cabo Ethernet permite ligar-se a um router. A disponibilidade de uma ligação WiFi é certamente o factor que abre as possibilidades mais interessantes, como a agregação RSS no dispositivo móvel para os que enviam informação para fins educativos e formativos.

    O utilizador pode receber feeds RSS de qualquer fonte que queira e pode vê-las da maneira que preferir.

    Imaginemos um estudante, os estudos seriam facilitados com tal aparelho: poderia ler livros, anotá-los, fazer exercícios e enviá-los via Internet para a pessoa que tem que os corrigir.

    Os conteúdos podem também ser descarregados da Internet ou de outro computador, utilizando a porta USB. USB. O computador detecta o iLiad como uma unidade de armazenamento em massa (tal como uma pendrive) podendo assim os ficheiros ser facilmente transferidos.

    Adicionalmente, o iLiad lê vários formatos de cartões de memória. Então temos uma porta USB e duas portas para cartões de memória. Podemos armazenar o que quisermos nestes cartões de memória. O potencial deste dispositivo é virtualmente ilimitado.

    Há também um adaptador para bateria e este é o adaptador para auriculares, pois o iLiad também é um leitor de mp3; esta funcionalidade tem muitas aplicações possíveis especialmente para utilizadores incapacitados.

    Estamos actualmente a experimentar estas novas possibilidades e testamos este dispositivo com software de conversão automática que torna o texto em discurso áudio. O iLiad e outros leitores de e-books semelhantes podem também ser utilizados para fins educativos, tais como cursos de línguas (com a possibilidade de receber feedback áudio).




    Maiores vantagens chave desta nova tecnologia de e-book.

    Robin Good: Quais são as maiores vantagens desta nova tecnologia de e-book?

    Antonio Tombolini: A vantagem é a de conseguir de ler confortavelmente através de um dispositivo portátil, que tem o mesmo peso de um livro tradicional (280 grs). Posso levar comigo um objecto como este e uma biblioteca inteira de livros com ele.

    Neste dispositivo posso potencialmente armazenar livros na memória interna e também posso usar cartões SD normais que se usam nas câmaras fotográficas. Posso também utilizar drives USB para levar os livros de que gosto para onde quer que vá.

    Para além disso, uma característica específica do iLiad que o diferencia de outros leitores de e-books como os da Sony - cujo leitor de e-books só é comercializado apenas nos Estados Unidos - é que permite aos utilizadores escrever no conteúdo electrónico. Desta forma estamos mais próximos dos nossos hábitos tradicionais com a leitura em papel pois podemos tirar notas, marcar e escrever bastante nestes leitores de e-books electrónicos enquanto mantemos uma versão com as notas e uma versão original.

    Isto torna os leitores de e-books numa formidável ferramenta de trabalho, pois além destes dispositivos me permitirem ler, também permitem tirar notas dos meus apontamentos, organizar a minha agenda, escrever um e-mail e transformá-lo automaticamente em texto digital para ser enviado por e-mail pela Internet. Os novos e-books podem ser também directamente ligados á Internet, permitindo-me fazer todas as minhas tarefas normais on-line, tais como enviar e-mails, blogging, etc...




    Acessibilidade e Facilidade de uso dos novos dispositivos de e-book.

    Robin Good: Podem a acessibilidade e facilidade de utilização substituir os valores que sempre foram consideradas essenciais pelo público geral (impressão em alta qualidade, definição, suporte)?

    Antonio Tombolini: Acho que isso é absolutamente verdade e também o explico no livro.

    No tempo de Gutenberg, a transição de manuscritos altamente decorados preparados pelos monges para o novo formato de impressão representou uma desvalorização notável do produto original. Claramente os papéis escritos decorados à mão tinham um valor estático imensamente maior do que o formato impresso fornecido pela nova tecnologia de impressão móvel de Gutemberg. É claro que um belo manuscrito com todos os seus desenhos e miniaturas é incomparavelmente mais apelativo visualmente do que um livro de impressão normal.

    Por outro lado, o manuscrito apresenta uma desvantagem em termos de distribuição, devido ao facto que durante essa altura a acessibilidade a esses manuscritos estava limitada a pequenos grupos e intelectuais e monges.

    Com a invenção da imprensa, o mesmo livro (sem miniaturas) tornou-se imediatamente acessível a uma maior parte da população, em mais lugares e em alturas diferentes.

    A transição para e-books e música digital é também igual: ...é óbvio que eu sempre irei preferir o vinil a uma cópia em mp3... mas por outro lado é evidente eu serei capaz de ouvir a minha música (graças ao reprodutor mp3) enquanto corro, o que é algo que antes não era possível.

    Por isso, esta é uma nova oportunidade que implica mudanças profundas na forma como distribuímos e consumimos conteúdos seja musicais ou livros. Hoje posso levar este dispositivo comigo no comboio com 100 livros, o que é algo que realmente aprecio, considerando que às vezes desejava trazer um livro diferente para ler.

    Por isso acredito que as alterações serão na maior parte nesta direcção... "Não haverá mais o cheiro a papel"... estas são as coisas que ouço quando falo de livros digitais, e tento mostrar esta tecnologia e estas possibilidades... "a sensação do papel na mão... o cheiro da tinta, a cola"... todos são excelentes e bonitos.

    Acredito que o papel irá manter-se, mas apenas o papel de qualidade irá subsistir - espero que as coisas de alta qualidade se mantenham - pelo menos isto é o que espero que aconteça. Idealmente, todo esse papel e tinta de má qualidade que vejo por aí não serão mais usados para publicar todos esses jornais de baixa qualidade e muitas das revistas actuais.

    Por isso, não é um caso de eliminar, substituir, ou dizer que é melhor que aquilo; esta é uma forma diferente de aceder e distribuir conteúdos que expande as oportunidades de leitura, tal como o mp3 fez com a música digital. Só por usar a tecnologia mp3, mais pessoas foram capazes de ouvir música e espero que o mesmo possa ser dito pela leitura de livros com estes novos leitores de e-book.




    Quem serão os primeiros utilizadores desta tecnologia de e-book?

    Robin Good: Quais serão provavelmente os primeiros utilizadores desta tecnologia?

    Antonio Tombolini: Bem, penso que devido aos custos iniciais que este produto terá... um produto como este é bastante caro e irá custar, no início, algo como 550€ mais taxas... clientes iniciais não serão motivados pela paixão mas por conveniência.

    O que quero dizer é que um objecto como este é muito conveniente para alguém que, por razões profissionais, faz viagens contínuas ou frequentes. Seja um advogado, um piloto de aviões, programador de software ou agente literário que tem que ler muitos manuscritos... ter a oportunidade de ter à mão tudo o que preciso para o trabalho...

    Posso ter toda a minha informação necessária na ponta dos dedos... posso usar este objecto para tirar notas, gerir a minha agenda... enviar e-mails... e é por isto que este dispositivo de e-books é um rival muito forte à tradicional agenda. Um computador portátil, até um PC tipo os Tablet, embora sejam leves e pequenos, é realmente bonito e confortável... mas ainda pesa 1.2Kg face aos 280grs deste leitor portátil.

    Além disso, a autonomia da bateria é incomparável. Como disse, a tecnologia de "tinta electrónica" permite que este dispositivo mostre informação no ecrã mesmo que esteja desligado.

    Veja: neste momento o dispositivo está desligado e ainda assim consigo ler que está no ecrã; mas se usar um Tablet PC, ou um computador normal, mesmo com um LCD, irá consumir energia, a bateria irá trabalhar, mesmo quando não faz nada. Por isso a autonomia desta unidade é incomparável à de um computador portátil, com a vantagem de um processador que não aquece, pois está quase sempre parado.

    É por isto, na minha opinião, que os primeiros receptores serão utilizadores profissionais que irão encontrar nestes dispositivos de e-books uma ferramenta na qual poderão ler as suas histórias favoritas, acompanhando o seu trabalho.

    Está já anunciada uma chamada "segunda fase" de introdução de tecnologia de e-books, onde novos dispositivos de e-book baseados na mesma tecnologia de leitura serão introduzidos no mercado. Estes serão essencialmente leitores de e-book básicos com funcionalidades de escrita e Internet. Empresas como a Sony e Bookeen – uma empresa francesa cujos produtos importamos para a Itália – estão já a trabalhar para implementar tais dispositivos. Estes serão leitores de e-book ideais que apenas terão capacidades de "leitura".

    O preço destes produtos será sensivelmente mais baixo, penso que a partir de cerca de 250€, já que são concebidos mais como ferramentas para consumidores. A nossa ideia é que estes dispositivos possam desempenhar o papel que o iPod e outros leitores de mp3 desempenharam na revolução musical, aumentando a popularidade de leitura digital.




    O preço será um obstáculo para o sucesso deste novo tipo de dispositivos de e-book?

    Robin Good: Se estes produtos custassem 50€, vejo grandes benefícios... Parece-me que o único obstáculo é o preço...

    Antonio Tombolini: Concordo consigo e isto lembra-me a Amazon: se a Amazon decide criar um dispositivo de hardware tipo um leitor de e-books - é provável que distribua este hardware subsidiando-o tal como as empresas telefónicas hoje em dia subsidiam os telemóveis.

    Espero que a Amazon lance uma campanha que será como: "Aqui está o leitor de e-books definitivo, vejam como é lindo! Dê-me 100$ e encho-o com os seus livros favoritos também …”




    Serviços de publicação editorial no novo mercado de e-books.

    Antonio Tombolini: Nós também iremos agir como um serviço editorial.

    Robin Good: O que significa isso?

    Antonio Tombolini: Significa que já que nos estamos a equipar com a tecnologia para imprimir e publicar para estes novos dispositivos de e-book, estamos a virar-nos para os autores independentes que escreveram algo e não sabem lidar com o formato, o conceito gráfico, a capa... e por aí fora... e fazemo-lo a preços muito acessíveis... preparamos um orçamento para o trabalho e imprimimos o livro electrónico que terá pronto para distribuição e com padrões de qualidade bastante elevados, algo que seria proibitivo para muitos com os custos da impressão e distribuição tradicionais.




    Há novas possibilidades para produtores de conteúdos?

    Robin Good: Quais são as novas possibilidades para os pequenos editores independentes que produzem conteúdos - para além de escritores tradicionais? Há alguma oportunidade?

    Antonio Tombolini: Acho que há... e quero dar-lhe um exemplo. O exemplo vem dos contactos que temos neste momento para as possíveis aplicações de negócios para o iLiad.

    Algo que descobri é que mesmo hoje, em Itália, há muitos editores pequenos que são forçados a publicar livros, seja porque estão interessados em publicá-los autonomamente, ou porque são forçados a fazê-lo por razões institucionais. As editoras das universidades, por exemplo, precisam de publicar a maioria das suas pesquisas em formato impresso. Nestes casos ele simprimem estes livros mesmo sabendo que esses livros terão pouca ou nenhuma circulação. Mesmo sabendo-o, as impressões das universidades incorrem em custos de impressão e armazenamento que são completamente desperdiçados.

    Como deve saber, nenhum impressor irá aceitar fazer menos que 500 cópias para o mais pequeno trabalho, e assim excedem em muito as necessidades de circulação e distribuição de um publicação académica típica.

    Gostaria de perguntar a estes pesquisadores das universidades: "O que precisam mais? Do livro impresso ou da garantia que o seu livro irá ter maior circulação e maior rapidez na mesma?"

    E claro a última é o que um pesquisador universitário, ao contrário de um autor independente ou pequeno editor literário quer: eles querem que o seu livro seja publicado e entre em circulação o mais ampla e rapidamente possível.




    Oportunidades para pequenos editores independentes.

    Robin Good: Para pequenos editores, editores de notícias e os que querem escrever e-books sobre marketing na Web ou outros assuntos, pode a emergência deste formato representar uma melhor oportunidade do que a anteriormente oferecia pelo formato PDF?

    Antonio Tombolini: Se não imediatamente, provavelmente mais tarde.

    Repito que os factores que aumentam a popularidade destes novos dispositivos irão depender das estratégias que os líderes de mercado vão adoptar e isto ainda não é fácil de antecipar.

    Para já, os primeiros sinais do mercado são de um rápido aumento de interesse em tais dispositivos de e-book. Há algumas semanas atrás eu li notícias a anunciar que a empresa italiana TIM, com uma empresa Holandesa, a PolymerVision vai trazer um modelo exclusivo de telemóvel chamado “librofonino” para o mercado com um ecrã rotativo baseado na tecnologia e-ink.

    Note que o nome não foi escolhido por acaso. (Libro significa livro em italiano).

    Isto é muito importante porque a TIM é uma empresa italiana que geralmente não segue as tendências de mercado e não se envolve no marketing destes dispositivos sem ter uma noção prévia dos riscos possíveis... A TIM não é uma empresa doméstica sedeada na garagem de um geek... por isso é um bom sinal que uma empresa destas tenha decidido apostar neste "librofonino" - que, aparentemente, será o anúncio mais importante da TIM para 2007.

    Para editores, para escritores... a possibilidade de ser o próprio editor abre ainda mais portas, pois a Internet já tem aberto muitas portas para eles. Um exemplo é o blogue, que permite publicação pessoal instantânea. Graças ao blogue posso escrever todos os dias, publicar artigos, dar notícias, dar opiniões, etc. Não posso, contudo, publicar um livro on-line. E se puser um livro on-line, quem o vai ler?

    Mesmo que publique on-line o seu livro como PDF, que pode ser descarregado e lido, este é ainda considerado um passo transitório até que um "editor de livros a sério" possa ver o seu trabalho e oferecer-se a publicar um a sério.

    .. se em vez disso estes novos dispositivos de e-book se popularizarem, então as novas oportunidades também aparecem para escritores.

    O que poderia surgir em alternativa como sendo um problema para um autor independente seria a possibilidade de pesquisável e visível on-line, possivelmente junto com outros escritores com as mesmas ideias e autores que se promovem e mercantilizam de uma forma organizada.

    E é aqui que os nossos serviços editoriais se convertem noutra oportunidade de recursos.

    Para mais, esta tecnologia fornece razões para investir recursos e energias em adicionar valor através dos aspectos visuais e tipográficos típicos de um livro tradicional.

    Muito produtores tradicionais de e-books não podem realmente adoptar fontes sofisticadas, pois têm que lidar com os problemas de leitura nos monitores de computadores: com a nova tecnologia de e-books, o leitor pode finalmente distinguir entre um bom trabalho tipográfico e um mau.

    Temos que diferenciar o termo "e-texto" de "e-book”. ". Um texto digital é diferente de um livro digital pois este último requer formatação mais avançada, trabalho de design, usabilidade e atenção ergonómica.

    Por isso, outro aspecto importante para o sucesso desta nova tecnologia de e-book será a capacidade de transferir as características das produções em papel para este novo domínio digital.




    Formatos de e-book

    Robin Good: Posso usar o formato PDF para publicar estes livros?

    Antonio Tombolini: PDF O PDF é mais que aceitável, mas tem que ser optimizado para o tamanho de ecrã destes novos leitores de e-books. Desde que estes novos leitores de e-books lêem quase todos os formatos possíveis existentes: PDF, Mobipocket, HTML… é tudo sobre ter em consideração o tamanho do ecrã, por isso não é problema de formatos.

    O único outro problema é o nível de qualidade que quero.

    Se precisar de publicar um simples documento informativo, defino o meu PDF para tamanho de página A6 e irá ser perfeitamente compatível com o tamanho do ecrã do iLiad.

    Preciso de um livro de qualidade com qualidade tipográfica? Obtenho um editor gráfico e tenho o meu livro aberto ao lado com as notas de rodapé e atenção tipográfica que necessito.

    É algo que está realmente ao alcance de qualquer pessoa.




    Não irá isto levar à criação de vários formatos?

    Robin Good: Irá isto levar à criação de vários formatos para cada livro?

    Antonio Tombolini: Não, porque estes formatos (o da resolução destes novos dispositivos de e-book) correspondem às mesmas resoluções de ecrã disponíveis em todos os computadores pessoais populares.

    O iLiad, visto neste modo, tem uma resolução de 1024 por 768. A Sony e todos os outros leitores de e-books puros têm uma resolução de 800 por 600.

    O iLiad tem uma resolução de 1024x768 e corresponde à resolução dos PCs normais; a Sony e os outros leitores têm uma resolução de 800x600.

    180px-Sony_Librie_EBR_1000.jpg
    O Sony Librie

    Claro que poderão haver muitos novos formatos no futuro: iRex, por exemplo, está a planear trazer o formato A4 para o mercado.

    Nesse ponto vão haver diferentes tamanhos para usos diferentes: um engenheiro ou designer poderá até querer ter um mapa portátil em A3 e por aí fora.




    Qual é a vantagem destes novos leitores de e-book comparado com distribuir um ficheiro normal em PDF pela Internet?

    Robin Good: Não seria simplesmente melhor distribuir um ficheiro normal em PDF pela Internet?

    Antonio Tombolini: Sim, o problema é que ninguém quer ler um livro de 150 páginas em formato PDF, se não é um aparelho de leitura próprio como os novos leitores de e-book que temos estado a ver, essa pessoa tem que imprimir todas essas 150 páginas e então tentar organizar essa confusão de páginas para tornar uma experiência aceitável desta impressão não optimizada e que pesa tanto como 4 ou 5 livros reais. Ler a partir de um ecrã LCD não é uma alternativa séria.

    Mas se tiver uma ferramenta que me permita ler um e-book e ao mesmo tempo me dá o conforto que é comparável à experiência de leitura de um livro real, há a oportunidade de nivelar a cadência da edição digital com as vantagens oferecidas pela excelente legibilidade destes novos dispositivos, que tornam desnecessária a impressão de cópias em papel para ler.




    A resposta do mercado de e-books até agora.

    Robin Good: Como está o mercado americano a responder a estas novas possibilidades? Há mais alguma coisa a surgir na onda destes novos dispositivos de e-books?

    Antonio Tombolini: O advento de uma nova era de publicação digital já estava no ar, mas precisava destes novos dispositivos para tomar o decisivo passo em frente.

    Quaisquer tentativas para produzir livros electrónicos feitos no passado recente falharam principalmente porque não havia nenhum dispositivo confortável que realmente facilitasse a leitura em movimento. É inútil comprar um livro electrónico se tiver que o imprimir com a sua impressora de casa.

    Mas o nascimento desta nova tecnologia de e-books está a deixar muitas coisas acontecer. De algumas das coisas mais importantes a acontecer, aqui ficam algumas dignas de registo:

    a) a Philips, que está agora a começar as vendas do seu leitor de e-books tanto na Europa como na América do Norte;

    b) a Sony, que já tem produzido e vendido um leitor de e-books como este - embora sem capacidades de escrita e ligação à Internet - está a vender bastante nos Estados Unidos. Para mais, a Sony já fez acordos com as maiores editoras e hoje, quando um livro se torna num best-seller, é também re-publicado como um e-book para a plataforma da Sony.

    c) mas a novidade mais interessante, na minha perspectiva, é a da Amazon, que recentemente decidiu:

    1. Produzir um dispositivo de e-books proprietário que terá todas as capacidades típicas de leitura e detalhes únicos.

    2. Adquiriu uma empresa francesa, chamada Mobipocket, que desenvolveu um formato de e-book alternativo ao PDF.

    Com esta dupla manobra, a, Amazon investiu tanto em hardware e software de e-books, ao comprar o seu formato proprietário de e-books e anunciando que assim que este software seja optimizado irá remover todos os e-books em PDF que aloja das prateleiras virtuais.

    Não sei se este plano vai funcionar e até tenho algumas dúvidas, mas isto certamente mostra que a Amazon considera o novo mercado de leitores de e-books portáteis como uma oportunidade no futuro do seu negócio.




    Marketing de conteúdos de e-books

    Robin Good: Marketing de conteúdos para e-books: como vai abordar este tema?

    Antonio Tombolini: A nossa estratégia para trazer o nosso produto para o mercado baseia-se em dois elementos:

    1) o primeiro é a venda do iLiad, á que espero que este produto seja vendido em supermercados tradicionais ao menor preço possível e no mais curto espaço de tempo.

    Quando contactei a Philips para fazer a minha primeira pesquisa de mercado, descobri que nenhuma empresa italiana estava interessada em lançar este tipo de dispositivos de leitura de e-books e isso permite-nos entrar no mercado como os primeiros distribuidores do iLiad em Itália. Vamos vender o hardware no nosso sítio Web, no endereço www.simplicissimusbookfarm.com (muito longo e complicado, para que não o esqueçam).

    Os preços serão reduzidos ao máximo, porque não planeamos lucrar com as primeiras vendas. Apenas queremos entrar no mercado italiano e queremos ser os primeiros que o fazem com um produto destes.

    Também estamos à procura de outras companhias que estejam dispostas a assinar um contrato de distribuição com a iRex e se alguém estiver interessado, pode contactar-me directamente.

    O lançamento do iLiad será seguido por outro produto, um leitor de e-books puro, que irá custar cerca de 250€.

    Estamos prestes a concluir um acordo com a empresa francesa Bookeen e faremos o nosso melhor para dar visibilidade e alta exposição à marca enquanto distribuímos o produto dentro de centros comerciais populares.



    2) Iremos centrar-nos principalmente e publicação de e-books: iremos produzir e-books profissionais para os utilizadores do iLiad.

    O iLiad não é um simples leitor, é uma ferramenta poderosa que lhe permite ler e anotar, escrever, navegar na Internet... e como já disse nós podemos também desenvolver aplicações personalizadas para as necessidades de qualquer um, para profissionais e diferentes tipos de utilizadores.

    Iremos produzir diferentes séries de e-books, desde livros clássicos a livros de bolso temáticos, cobrindo desde a literatura americana até ao Marketing.

    A nossa equipa editorial irá lucrar com as vendas dos e-books e os autores terão royalties que são bem melhores que as oferecidas por editores tradicionais.

    Hoje em dia os autores têm que se considerar contentes se forem de facto pagos pelos editores italianos: a maioria dos escritores tem o seu trabalho publicado sem ganhar qualquer dinheiro. Os ganhos normais variam entre 5% a 8% das vendas do livro; por outro lado planeamos oferecer uma comissão de 25-30% enquanto o nosso e-book não custará mais de 4€. Desta forma, o autor irá ganhar mais dinheiro em cada e-book, mesmo que não venda muitos.




    Leia Mais

    Se quiser saber mais sobre e-books, talvez queira seguir os seguintes links:

    e-ink-paper-display-by-mtlin-Flickr-148215922_93701a726b_o.jpg




    Entrevista original por Robin Good para Master New Media e inicialmente publicado como: "Bye-Bye PDF: The New Coming e-Book Revolution - An Interview With Antonio Tombolini"

     

    Originalmente escrito por e publicado pela primeira vez na MasterNewMedia.

     

    Robin Good -
     
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