Qual é o valor verdadeiro da curadoria de conteúdo? Será que está no próprio conteúdo ou no contexto, na curadoria do contexto - comentários, artigos de opinião, nas conversas sobre o conteúdo em si no geral?
Crédito da foto: Robin Good
Nestas duas curtas entrevistas em vídeo que fiz há um ano, George Siemens e Gerd Leonhard, discutem e analisam sobre o que se está convencionando definir como o "contexto do negócio" e o verdadeiro valor do conteúdo curado, de nicho, temático, tendo uma pergunta em mente: a curadoria de conteúdo pode gerar valor comercial verdadeiro que pode ser rentabilizado?
Aqui estão alguns dos destaques:
Se você ainda está lutando para descobrir o verdadeiro valor da curadoria de conteúdo, e se pergunta se a curadoria de notícias (newsmastering), ou qualquer outro conteúdo específico pode realmente propiciar valor adicional aos seus leitores, criando oportunidades para novos negócios, convido você a ouvir atentamente o que Gerd Leonhard e George Siemens tem a dizer sobre isso.
Duração: 4' 17''
Transcrição Completa do Texto em Inglês
George Siemens: É possível uma pessoa agir como um ponto de interação útil para que, dessa forma, empresas e organizações comecem a ter valor agregado e ganhar dinheiro com seus negócios a partir de comentários e insights que essa pessoa compartilha?
Sim, é possível fazer isso.
Eu posso ganhar dinheiro com isso, se quiser. Tenho certeza de que reduziria bastante a quantidade de leitura que tenho.
Nesse exato momento, estou vendo a newsletter que mando - eu mando boletins do elearnspace e do Connectivism - Acho que tenho pouco menos que 8.000 assinantes.
Se eu dissesse: Olha só, quero uns cem dólares por ano", tenho quase certeza de que perderia 98% dos assinantes.
A pergunta é: "Eu considero o valor monetário desses 2% de válido?"
Talvez, se eles começariam a compartilhar esse conteúdo com os outros, porque acreditam que o que eu selecionei, filtrei, é importante? Não sei. É um pouco cedo para dizer, mas parte de nós tende a se ligar na personalidade também.
Se você sair como Robin Good, como uma personalidade, e começar a dizer: "Vou personalizar", ou "contextualizar alguns recursos e torná-los disponíveis", acho que existiria gente que diria:"Como o Robin conhece esta área profundamente, estou disposto a pagar pelas suas informações e orientações específicas em relação a saber selecionar estes recursos."
Certamente, alguém como o Stephen Downes que não se preocupa em cobrar pelo seu conteúdo - pode parecer não gostar, principalmente por haver dito, no início, que no futuro talvez não trabalhe com o OLDaily a partir de uma perspectiva financeira. Isso aconteceu com ele logo no início. E aí, ele retirou o que disse - mas, com alguém como Stephen Downes, me sinto bastante confortável para dizer: "Cem dólares por ano, se você quiser ler o OLDaily"
Acho que algumas pessoas diriam: "Estaria disposto a pagar por essa tarefa diária que ele desenvolve."
Agora, ele trabalha para o governo, no NRC, e consequentemente, não teria uma motivação econômica para fazer isso.
Não é porque algumas pessoas distribuem conteúdo de graça, através de seus comentários e compilações, que todos devem fazê-lo também.
Mas o meu argumento já há alguns anos tem sido que se o conteúdo e as informações são produzidas para o público, precisa ser compartilhados ele, é por isso que acho que todo o conteúdo de uma universidade deveria estar disponível online, porque o governo paga o salário da universidade .
É ridículo você poder pegar o que o público pagou para você fazer e gerar dinheiro para si mesmo com isso.
Não faz sentido para mim.
Quando estou na universidade, meu trabalho deve estar disponível ao público porque o público está me pagando.
Se estou em uma empresa, é uma situação completamente diferente, porque agora você é parte de uma estrutura económica diferente e muitas vezes quando as pessoas falam sobre conteúdo aberto e recursos abertos, não fazem essa distinção entre dois mundos diferentes.
Eu diria que quase todo mundo, mesmo em um universo empresarial / de consultoria, acharia mais prudente compartilhar pelo menos uma parte razoável de seu conteúdo sem dinheiro, porque é isso que vai lhes dar reputação. Isso é o que vai ser proporcionado às pessoas... talvez seja uma oportunidade de consultoria, talvez seja um convite para uma palestra e assim por diante.
O valor pode ser medido economicamente de diferentes formas. E não simplesmente "vendo meu conteúdo, e é aí onde ele para".
Talvez eu distribua o meu conteúdo de graça, mas agora sou convidado a dar uma consultoria para a IBM porque alguém na IBM leu sobre mim e consideraram a minha contribuição valiosa e querem manter contato comigo pessoalmente.
O conteúdo é um ponto de valor complicado, às vezes o ponto de valor simplesmente muda de cima para baixo de acordo com a perspectiva.
Até mesmo a Madonna, por exemplo, falando em algum momento sobre não cobrar por sua música. Ela ia fazer uma empresa comprar os seus direitos musicais para que pudessem distribuir as músicas gratuitamente e aí, ganhar dinheiro com a performance ao vivo.
O sistema econômico como um todo, na minha opinião, mantém sua integridade, mas o ponto de valor sobre o conteúdo muda da informação por si só para o valor agregado que de uma performance ao vivo, a partir do comentário pessoal, de oportunidades de consultoria em pessoa.
Duração: 1' 52''
Gerd Leonhard: O conteúdo não é apenas o que nós criamos, como profissionais de edição, uploads e remunerados.
O conteúdo está sendo criado em todo o mundo e em formas que agora você pode argumentar que o contexto está se tornando o conteúdo também.
Por exemplo, contexto quer dizer o que eles chamam de meta-conteúdo, as pessoas adicionam uma palavra-chave a ele, dão uma classificação, etiqueta e colocam coisas ao redor, para podermos realmente encontrá-lo e então, dar sentido a esse conteúdo - o que foi referido como metadados no passado.
Se estas coisas não estão realmente por aí, o conteúdo se torna inutilizável.
Para mim, selecionar o que eu quero ver, é sempre uma questão de contexto mesmo.
Que horas são?
Que tipo de meios de acesso que eu tenho?
Qual é o tamanho da tela? E assim por diante.
O contexto se torna, pelo menos, igualmente tão importante quanto o conteúdo propriamente dito. Você pode ver isso na música agora.
A forma mais popular de compartilhamento já não estar em fazer downloads, reside no compartilhamento de links. Trata-se da economia do link.
A economia do link basicamente diz que o valor do contexto é pelo menos tanto como o que está do outro lado do link.
Este é um desenvolvimento muito interessante que estamos vendo explodir, por exemplo, o fato básico de que as redes sociais como o Facebook estão, essencialmente, transformando as empresas de radiodifusão, é porque eles tem uma enorme rede de pessoas.
Tudo que se precisa é a permissão para utilizar o conteúdo, e podem chegar a ser a próxima BBC. Mas o seu conteúdo é baseado no contexto que são as pessoas conectadas umas às outras.
Penso que, nessa situação,, veremos nos próximos anos o crescimento deste material que vai colocar mais valor no contexto do conteúdo em algum tipo de forma combinada, em vez de dizer temos essas ferramentas de copyright para esta música e é por isso que a compusemos.
Essa vai ser uma posição insustentável.
Sobre George Siemens
Desde o final de 2009, George Siemens trabalha no Instituto de Pesquisa do Conhecimento Aprimorado pela Tecnologia na Universidade de Athabasca. Antes, ele foi diretor-sócio do Centro de Tecnologias de Aprendizado na Universidade de Manitoba. George bloga no www.elearnspace.org onde compartilha sua visão sobre o cenário educacional e o impacto das tecnologias midiáticas no sistema educacional. George Siemens também é o autor de Connectivism: A Learning Theory for the Digital Age e de "Knowing Knowledge", onde desenvolve uma teoria de aprendizado chamada conectivismo, que usa uma rede como metáfora central do aprendizado e põe o foco no conhecimento como forma de estabelecer conexões.
Sobre Gerd Leonhard
Gerd Leonhard é um futurista da mídia, assim como autor e escritor, um empresário de mídia e internet, consultor estratégico, palestrante e apresentador. Se você deseja obter conhecimento sobre o que ele faz, poderá visitar o Gerd's blog MediaFuturist ou o seu canal no Youtube.
Originalmente escrito por Robin Good e publicado pela primeira vez na MasterNewMedia.
Robin Good -